Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Mudança no comando da PM foi anunciada horas depois de o governador dizer que estava insatisfeito com a segurança. Isso deixou carimbo sobre o antigo comandante. Mas o problema é maior
Foto: Samuel Setubal
ELMANO sabe que segurança será alvo da oposição em 2026
Tomou posse nessa quinta-feira, 6, como comandante-geral da Polícia Militar, o coronel Sinval Sampaio, no lugar do também coronel Klênio Sávyo. A mudança foi anunciada no começo da semana, mas realizada um dia depois do anúncio da redução dos índices de violência em janeiro. Horas antes do anúncio da mudança, o governador Elmano de Freitas (PT) havia se queixado dos índices obtidos nos indicadores de violência. “Eu ainda estou muito insatisfeito com os resultados que nós alcançamos”, afirmou. “Nós permitimos que não aumentasse a violência, mas a redução é muito pequena”, lamentou.
O diagnóstico é correto. A redução foi pequena em janeiro. Em 2024, houve piora, embora com tendência de melhora a partir do segundo semestre, depois que Roberto Sá assumiu a Secretaria da Segurança Pública no lugar de Samuel Elânio.
Na semana passada, o governador reconheceu que o tema será explorado pela oposição na campanha eleitoral de 2026. Por simples motivo: mesmo que seja alcançada a meta de reduzir em 10% a criminalidade, ainda será alto. Acrescento que mesmo que caia 20%, o Ceará ainda será muito violento. Então, o tema estará forte na campanha. Claro, se piorar terá mais peso contra o governador do que se melhorar.
Peso sobre o antigo comandante
Klênio Sávyo comandava a Polícia Militar desde o começo do governo Elmano, em janeiro de 2023. Logo, estava no cargo desde antes da chegada do secretário Roberto Sá. O atual gestor da Segurança manteve o comandante ao chegar, enquanto avaliava a equipe. Mais de um semestre depois, faz a mudança.
O anúncio da mudança logo após a (auto)crítica do governador deixou carimbo como de Sávyo fosse o problema. Nem é só ele, muito menos apenas a Polícia Militar. O maior problema do Ceará hoje, em qualquer área, é o controle de facções criminosas sobre comunidades do Estado.
O Estado descobriu como atacar o domínio das facções?
Não é o tipo de domínio territorial que Sá conheceu no Rio de Janeiro. No Ceará, a Polícia entra nos bairros. Mas, quando sai, é a organização criminosa que determina a vida das pessoas. Essa presença intensa, mas eventualmente furtiva, permite a facções exercerem o controle da ação criminosa inclusive em bairros de classe média ou rica.
Esse tipo de situação não se resolve apenas com a Polícia Militar. É preciso Polícia Civil, investigação e inteligência. Fala-se de atacar as facções pela via financeira, o que é necessário, mas insuficiente. Os negócios do crime são tão lucrativos que, mesmo que tenham um grande baque, ainda são vantajosos.
Desmantelar o domínio de uma facção que controla uma favela do Rio de Janeiro exige força e quase uma ação de guerra. Mas, desmantelar a forma de controle existente no Ceará tem complexidade diferente. É uma ação que pode se tornar furtiva, que evitará o confronto direto.
No Rio de Janeiro, há houve entrada do Exército em favelas, até com tanque de guerra. Porém, no Ceará, as forças de segurança não parecem saber como romper a presença territorial de grupos que não medirão forças diretamente contra a Polícia a não ser em último caso e que praticam a dissimulação como estratégia.
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