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Mostra de um tipo diferente de ação contra facções
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Mostra de um tipo diferente de ação contra facções

Ação desta segunda pode ser um passo, entre outras coisas, para Estado se fazer respeitar frente às facções
Tipo Opinião
Governador Elmano de Freitas e o secretário de Segurança Pública, Roberto Sá (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Governador Elmano de Freitas e o secretário de Segurança Pública, Roberto Sá

A operação desta segunda-feira, 24, é uma das mais abrangentes já realizadas contra facções criminosas. Foram cumpridos mandados em 32 municípios de quatro estados — Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Santa Catarina. Houve mais de mil policiais envolvidos, incluindo Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e ainda, no Ceará, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Penal, Coordenadoria de Planejamento Operacional (Copol), Coordenadoria de Inteligência (Coin) e Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), da Secretaria da Segurança Pública do Ceará (SSPDS). Foram cumpridos 349 mandados de prisão e 216 mandados de busca e apreensão.

É um trabalho abrangente, coordenado, que envolveu a Segurança do Ceará e de outros estados, a Polícia Federal e também o Poder Judiciário. O alvo foi a Guardiões do Estado (GDE), principal facção surgida no Ceará. O governador Elmano de Freitas (PT) comemorou, com razão, ser uma iniciativa exemplar do que deve ser feito.

Naturalmente, não é uma ação isolada que resolverá o problema das facções, mas é preciso coordenação, parcerias e iniciativas de impacto para realmente fazer com que as organizações criminosas sintam o impacto da ação do Estado.

Talvez até antes, é preciso que o poder público mostre capacidade de agir e se faça respeitar pelas facções. O cenário hoje é um tanto de desmoralização e sinais de impotência. Nesta segunda-feira houve o que pode se mostrar um bom novo começo.

Política difundida

O grupo liderado pelo ex-prefeito de Eusébio, Acilon Gonçalves, tem como marca administrativa a gratuidade no transporte público. Hoje o bloco é uma potência na Região Metropolitana de Fortaleza. Administra Eusébio, Aquiraz e Itaitinga, comanda a Regional 6 da Prefeitura de Fortaleza. E tem presença política em outros lugares, como Beberibe. Uma política adotada em Eusébio foi a gratuidade nos ônibus, iniciativa que também foi levada para Aquiraz e Itaitinga.

O prefeito de Eusébio, Dr. Júnior (PRD), relatou que, antes de adotar a mesma política em Caucaia, o ex-prefeito Vítor Valim (PSB) conheceu o projeto de Acilon no Município.

Pleno emprego

Dr. Júnior foi entrevistado por mim e pelo colega Carlos Mazza no podcast Jogo Político. Ele ressalta hoje a força econômica de Eusébio e as condições para tal: é cortada por vias importantes, como CE-040 e CE-010, que corta a BR-116, e pelo Anel Viário. É próxima a Fortaleza, tem rápido acesso ao aeroporto, fica perto dos cabos de Internet que chegam pela Praia do Futuro. Um fator que o prefeito salienta é que as pessoas querem morar em Eusébio. Torna-se, assim, um atrativo para mão de obra qualificada. Dr. Júnior afirma que hoje Eusébio é um Município em situação de pleno emprego.

Realinhamento

Eusébio e Maracanaú são as experiências de poder mais duradouras na Região Metropolitana de Fortaleza — e entre os grandes municípios do Ceará. Os grupos liderados por Acilon e Roberto Pessoa (União Brasil), respectivamente, chegaram ao poder em 2005, há 20 anos. Nos dois casos, são experiências de poder cujo alicerce passa pelas atividades econômicas. Inclusive, capazes de dar sustentação a governos de oposição. Roberto Pessoa foi oposição ao Governo do Estado de 2005 a 2022. Já Acilon e seus aliados foram quase sempre governistas. Mas, quando Jair Bolsonaro se filiou ao PL, partido ao qual o grupo já pertencia, eles se alinharam na época ao Governo Federal. Foram oposição por um breve período. No segundo turno deste ano, porém, Acilon deixou o PL e mergulhou na campanha de Evandro Leitão (PT) contra André Fernandes (PL). Foi a porta de entrada para voltar às boas graças palacianas.

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