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Não tem para onde empurrar
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Não tem para onde empurrar

Em abril do ano passado, quando houve outro crime bárbaro, deu-se uma triste briga política. Agora não há mais espaço ou condição para isso. O papel das autoridades é resolver
Tipo Opinião
IJF: dois crimes brutais em menos de um ano (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS IJF: dois crimes brutais em menos de um ano

No intervalo de um ano, dois assassinatos brutais foram cometidos dentro do Instituto José Frota (IJF). Se a insegurança assusta a todos no Ceará, quando ocorre dentro de um equipamento público dessa relevância, é realmente assustador. E o IJF é cheio de controles para entrar. Vá um jornalista tentar entrar para mostrar a situação lá dentro. É preciso investigar o que houve. Em abril do ano passado, quando houve outro crime bárbaro, deu-se uma triste briga política. Agora não há mais espaço ou condição para isso. O papel das autoridades é resolver. Por ora, voltou a ser usado detector de metais — por que e quando deixara de ser eu não sei. Há promessa de reconhecimento facial.

O papel do prefeito

O governador Elmano de Freitas (PT) fez publicação e disse que falou com o prefeito sobre o assunto. Evandro Leitão (PT) fez “collab” e compartilhou nas redes. É pouco. A situação, no mais emblemático equipamento municipal, merecia manifestação do prefeito.

É possível que a intenção tenha sido concentrar o desgaste do episódio em apenas uma das figuras públicas do grupo. Talvez preservar a imagem de Evandro, recém-chegado ao cargo. Faz sentido como estratégia, não como dever público.

Os acenos da extrema-direita ao nazismo

O avanço do extremismo de direita levanta muitas preocupações que incluem atitudes xenófobas, preconceituosas, discriminatórias e violentas. Os críticos fazem associações mais ou menos explícitas ao nazi-fascismo, mas é assustador o quanto os próprios envolvidos fazem gestos, literais e simbólicos, em alusão ao nazismo. Primeiro foi Elon Musk, na comemoração da posse de Donald Trump. Bem eufórico, fez duas vezes o gesto que segue certinho o manual do sieg heil, a saudação nazista a Adolf Hitler. Ele negou, disse que os críticos fazem “truques sujos” e para eles “todo mundo é Hitler”. O que ele queria mesmo com o gesto não explicou.

Ocorre que, um mês depois, o mesmo gesto foi feito, em evento ultraconservador, por Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump e que tem muitos vínculos com as principais personagens da extrema-direita brasileira. Bannon disse que foi um aceno, o tartufo.

Se alguém conseguir encontrar alguma margem para benefício da dúvida ao Musk, o gesto de Bannon não tem margem. Porque vem na sequência de toda a repercussão negativa do cupincha de trejeito.

Porque não é o bastante não ser nazista, qualquer ser humano com alguma dignidade fará de tudo para evitar ser confundido como simpatizante. Os sujeitos — no mínimo, no mínimo, no mínimo — não têm constrangimento em adotar comportamentos que sabem que serão associados ao nazismo.

Tanto é assim que a extrema-direita da França, presente no evento no qual Bannon protagonizou o meneio, cancelou a participação em repúdio.

Vale lembrar que Musk tem sido talvez o mais influente incentivador da AfD, a perigosa e ascendente extrema-direita alemã. (Há quatro décadas, o então governador da Baviera, o conservador Franz Josef Strauss, dizia: “À direita da União não deve haver nenhum partido democraticamente legitimado”. Referia-se à aliança entre União Cristã-Democrata e União Cristã-Social, que retorna ao poder na Alemanha, sob o espectro de uma ascensão extremista sem precedentes desde o nazismo original.

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