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O ritmo do processo no Supremo
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O ritmo do processo no Supremo

STF demonstra disposição para resolver o processo o tão rápido quanto for permitido
Tipo Opinião
ALEXANDRE de Moraes conduz processo contra Bolsonaro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil ALEXANDRE de Moraes conduz processo contra Bolsonaro

A 1ª turma do Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para 25 de março o julgamento que decidirá se Jair Bolsonaro (PL) e os demais denunciados por tentativa de golpe se tornarão réus. Está evidenciada a disposição de dar o trâmite mais rápido permitido pelas normas processuais.

O golpe que não houve

Um dos argumentos mais repetidos em defesa dos acusados de tentativa de derrubar o governo eleito é de que o golpe de Estado não ocorreu. Ora, vamos combinar. Não se pune autor de golpe que deu certo. Se um golpe é bem-sucedido, instaura-se uma nova ordem e ninguém consegue punir os golpistas.

Incompetência não é álibi

Outro argumento é de que não há como dar golpe sem forças armadas, o levante de 8 de janeiro não tinha possibilidade de dar certo, a trama golpista palaciana jamais teve chance de se concretizar. Ora, o fato de não haver condições objetivas para um golpe não exime de culpa quem tentou. Uma tentativa de homicídio ou de roubo não deixam de ser crime por darem errado. Alguém que tenta um assalto fadado ao fracasso não está livre de culpa.

Conexões

Não é possível desvincular o plano de golpe flagrado nos subterrâneos palacianos do bolsonarismo dos ataques de 8 de janeiro. E ambos estão diretamente associados aos atentados contra a sede da Polícia Federal e o caminhão com explosivos próximo ao aerporto de Brasília. Há tentativa de tratar os fatos como isolados. Não são.

Reação em cadeia

O ataque à PF ocorreu em 12 de dezembro de 2022, dia da diplomação de Lula. Carros e ônibus foram incendiados, ruas bloqueadas e houve tentativa de invadir o prédio. Em 24 de dezembro, houve a tentativa de atentado com o caminhão-bomba. Tinha até cearense no meio. O plano era criar instabilidade. E houve o 8 de janeiro de 2023. Fala-se de inocentes, de mero vandalismo. Coisa nenhuma. Houve planejamento, financiamento, logística de transporte. Tudo isso nasceu dos acampamentos em frente aos quartéis.

Bolsonaro podia ter desmobilizado tudo

Os atentados de dezembro de 2022 e o 8 de janeiro de 2023 foram a expressão pública dos movimentos que ocorriam na surdina dos corredores dos palácios. Os acampamentos golpistas que se instalaram nos quartéis pelo Brasil foram o espaço de concentração e de onde saia a mão de obra para o trabalho sujo.

O ex-presidente Jair Bolsonaro poderia ter desmobilizado tudo. Bastava uma manifestação. A maior prova: logo depois da eleição, houve movimento de caminhoneiros para fechar estradas. O governo logo percebeu que seria um problema para ele próprio e para a economia. Veio a orientação discreta para liberar as rodovias. E isso ocorreu rapidinho. Então, o movimento para as estradas se transferiu para frente dos quartéis. O governo não só tolerou como estimulou.

Direitos humanos

Curioso que a defesa dos condenados pelo 8 de janeiro esperou a poeira baixar. O discurso de que são coitados, inocentes, não apareceu diante das primeiras imagens da destruição na Praça dos Três Poderes. Naquele momento, a estratégia era culpar a esquerda. Dizer que eram infiltrados, coisa e tal. os discursos não são apenas equivocados como oportunistas.

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