Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Tiziana FABI / AFP
PAPA Leão XIV, o cardeal americano Robert Francis Prevost
Nenhum cargo no mundo é tão importante há tanto tempo quando o papado, razão pela qual o fascínio pelo resultado do conclave alcança mesmo os não católicos. É uma função de líder religioso com mais influência no planeta, mas, além disso, envolve também papel político — e é isso que vai interessar neste espaço. Quando o dirigente espiritual se mistura com o poder terreno, inevitavelmente coloca o pé em conflitos e intrigas que são deste mundo. Desde quinta-feira, 8, a trajetória de Robert Francis Prevost tem sido vasculhada na tentativa de entender o que se pode esperar do papa Leão XIV. É curioso observar como as pessoas escolhem os indícios que mais as agradam e moldam a expectativa sobre o papa conforma gostariam que fosse.
Lula (PT), por exemplo, desejou que Leão XIV dê “continuidade ao legado do papa Francisco”, com quem o presidente tinha não apenas grau de afinidade quanto à visão de mundo como recebeu manifestações quando estava preso.
Já o argentino Javier Milei, que foi crítico de Francisco, falou que o conclave marca “novo capítulo na história da Igreja e do mundo” e disse esperar de Leão XIV a defesa da vida, da liberdade e da propriedade privada — segundo ele, os “pilares que sustentaram a civilização”,
Volodimir Zelensky disse esperar que o novo pontífice apoie “moralmente e espiritualmente” a Ucrânia contra a Rússia. Já o russo Vladimir Putin disse esperar que “o diálogo construtivo e a cooperação estabelecidos entre a Rússia e o Vaticano continuem a desenvolver-se com base nos valores cristãos que nos unem”.
Donald Trump comemorou e disse ser uma “grande honra” o “primeiro papa americano”, apesar de Prevost ter feito críticas ao presidente, ao vice JD Vance e à política migratória da Casa Branca.
De cardeal a papa
O fato é que a mudança de nome não é apenas simbólica. Claro que o papa carrega a própria trajetória, mas as novas obrigações da função fazem com que a postura como pontífice não seja necessariamente igual à que era mantida até então. Francisco é um exemplo. Tornou-se queridinho dos progressistas, mas, ao ser eleito, foi questionado sobre controvérsias durante a ditadura argentina.
O rumo e o ritmo da mudança
Especialistas no Vaticano apontam Prevost como reformista como Francisco, mas mais moderado e com tendência a evitar conflitos, que foram muitos com o papa anterior.
O novo papa chega questionado sobre a forma como lidou com escândalos de abusos sexuais de clérigos. É tido como progressista em material social, como Francisco. A escolha do nome remete ao papa Leão XIII, um dos iniciadores da doutrina social da Igreja, que se contrapõe ao liberalismo econômico e defende a justiça social e o papel do Estado em defesa dos pobres diante dos ricos.
Muito pouco, praticamente nada, se sabe sobre o que houve no conclave. Mas, analistas consideram a decisão rápida, no segundo dia, sinal de que os conservadores, opositores de Francisco, são hoje franca minoria entre os cardeais votantes.
Também é significativo o segundo papa consecutivo do continente americano, e com profundo vínculo com a América do Sul. Há uma nova geopolítica na Igreja. Em 2013 e 2025, italianos eram tidos como favoritos. Até João Paulo II, eleito em 1978, foram 455 anos só com papas italianos.
Digital
Leão XIV é o primeiro papa tuiteiro. Deixou rastro digital nas redes. Colega comentou que, se tivesse entrado no BBB e não no conclave, a assessoria o teria orientado a apagar os posts polêmicos, como sobre Trump.
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