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Aquecimento global e biodiversidade urbana
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Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha

Fabio Angeoletto ciência e saúde

Aquecimento global e biodiversidade urbana

É preciso agir para conter as emissões de gases que provocam o efeito estufa, e é preciso agir agora

A natureza é um elemento integrante das cidades em todo o mundo. Mais da metade da população mundial vive em cidades e a vida silvestre que as pessoas observam em suas áreas urbanas são valorizadas porque aquelas espécies proporcionam benefícios como bem-estar psicológico, polinização, controle de pragas e lazer. Entretanto, impactos antropogênicos como as alterações climáticas podem ameaçar a presença de espécies nas cidades.

Um estudo recentemente publicado na revista científica PLOS One, intitulado “The great urban shift: Climate change is predicted to drive mass species turnover in cities”, calculou como as mudanças climáticas afetarão a biodiversidade nas cidades. A hipótese dos cientistas, liderados pelos biólogos canadenses Alessandro Filazzola e Marc Johnson, era que as mudanças climáticas impulsionarão uma mudança significativa na composição das espécies urbanas nas cidades canadenses e americanas, causando uma grande mudança urbana até o final deste século, porque a distribuição das espécies acompanha as mudanças nos padrões de temperatura e chuvas.

Os cientistas modelaram as distribuições históricas e futuras de 2.019 espécies de animais terrestres encontradas em 60 cidades no Canadá e nos Estados Unidos. Eles calcularam as mudanças na ocorrência ou extinções locais das espécies usando três cenários diferentes, em relação à intensidade de emissão de gases estufa. Quanto maiores as emissões, mais mudanças climáticas deverão ocorrer. Há duas descobertas importantes nessa pesquisa: as mudanças climáticas muito provavelmente vão tornar as cidades da América do Norte menos habitáveis para a fauna, e, quanto maior a intensidade das emissões de gases estufa, menor será a capacidade daquelas cidades em manter a fauna silvestre.

Essa pesquisa foi realizada em cidades de climas temperados e subtropicais. Cidades de clima menos frio e com mais chuvas — as que tem mais biodiversidade na América do Norte — são as cidades que mais sofrerão perdas de espécies. Infelizmente não há um estudo semelhante para as cidades tropicais do Brasil, mas é razoável inferir que as mudanças climáticas também não serão positivas para nossa biodiversidade urbana. É preciso agir para conter as emissões de gases estufa, e é preciso agir agora.

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