
Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha
Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha
"Sequestraram minha sogra, bem feito pro sequestrador/ Ao invés de pagar o resgate, foi ele quem me pagou". Bezerra da Silva, que além de sambista era um gênio, imortalizou nessa canção o temor que as sogras despertam em seus genros e noras. O anedotário popular tem um sem-número de piadas sobre sogras. Como essa: "um homem está muito perturbado e vai consultar seu médico. Doutor, há quatro semanas eu não durmo direito. Tenho o mesmo pesadelo terrível todas as noites. Não aguento mais. O médico pergunta-lhe: como é esse pesadelo? Minha sogra vem me comer, responde o infeliz. Ela vem montada num monstro medonho. Aqueles olhos vermelhos saltando da cara, aquele corpo peludo, os dentes afiados, umas ventas horríveis, uma boca enorme ameaçando me engolir… Deve ser muito amedrontador — diz o médico. O senhor ainda não viu nada! Agora deixe-me contar como era o monstro, doutor!"
Mas o que os cientistas têm a dizer sobre esse senso comum? De acordo com um estudo muito interessante publicado na revista científica Human Microbiome Journal, as sogras podem fazer mal à saúde. O artigo, intitulado "The effect of having Christmas dinner with in-laws on gut microbiota composition" é de autoria de um grupo de cientistas holandeses e suecos.
Os autores do estudo afirmam que encontros entre genros e noras com suas sogras, em feriados como o Natal, geralmente são momentos de grande estresse. Eles comprovaram essa hipótese estudando amostras de fezes de 28 genros. Todos os participantes eram pessoas saudáveis, com idades de 20 a 40 anos, e que não seguiam um tipo específico de dieta, vegetariana ou vegana, por exemplo. Os voluntários foram divididos em dois grupos iguais: aqueles que passaram o Natal em casa, e aqueles que foram visitar suas sogras.
A diversidade bacteriana diferiu significativamente entre os dois grupos. Nas amostras dos participantes do grupo com as sogras, foi encontrada uma diminuição nas espécies do gênero Ruminococcus. A diminuição dessas bactérias no intestino humano está associada ao aumento do estresse e da depressão. Um estudo anterior ("Risk factors, prevalence, and treatment of anxiety and depressive disorders in Pakistan: systematic review") relaciona a proximidade de genros e noras com suas sogras ao aumento da ansiedade e outros transtornos. E quanto a vocês, caros leitores: suavidade ou estresse no dia a dia com suas sogras? n
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