
Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha
Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha
Quando visitei Jaipur, na Índia, fui aconselhado a evitar passeios pela cidade vestindo bermudas, pelo perigo de mordidas de cachorros. A raiva é uma séria questão de saúde pública na Índia, e nas suas cidades há miríades de cães abandonados transmitindo esta enfermidade. Uma das imagens mais icônicas do livro Ecology of Tropical Cities (Springer Nature) está no capítulo firmado pelos cientistas indianos Swapnil Kumbhojkar, Abhinav Mehta, Shrey Rakholia e pelo israelense Reuven Yosef (Ecosystem services of Leopards Panthera pardus fusca - to the conurbation of Jaipur, India): um leopardo predando um cão de rua na periferia de Jaipur, próximo a uma reserva florestal.
Em paisagens dominadas por humanos, grandes carnívoros são frequentemente depreciados devido à possível ameaça aos animais domésticos e à vida humana. No entanto, como predadores de topo, os grandes carnívoros desempenham papéis críticos em processos ecológicos, como o controle de populações de presas. Os humanos se beneficiam de serviços ecossistêmicos fornecidos pelos carnívoros, como a remoção de carniça e a mitigação de doenças. Swapnil e seus colegas estudaram os serviços ecossistêmicos fornecidos pelos leopardos aos moradores da conurbação de Jaipur. Os leopardos da Reserva Florestal de Jhalana, na periferia de Jaipur, dependem de cães domésticos de vida livre como sua principal fonte alimentar.
Países em desenvolvimento como a Índia se esforçam para controlar a população de cães abandonados, pois eles são vetores de zoonoses de interesse para a saúde pública - uma ameaça à vida humana, à vida selvagem e a animais de interesse econômico, como bovinos e caprinos. Os pesquisadores observaram que, ao caçarem cães domésticos de vida livre, os leopardos reduziram consideravelmente o número de mordidas de cães por ano e a taxa de transmissão da raiva, em comparação com áreas urbanas vizinhas.
Esse serviço ecossistêmico também promove uma economia de recursos financeiros consideráveis, desembolsados na esterilização da população de cães domésticos de vida livre e em cuidados médicos para os cidadãos afetados. A cada ano, os leopardos contribuem para reduzir a população de cães abandonados em aproximadamente 1.150 indivíduos, o que economiza custos estimados de esterilização de US$ 34.500 e salva cerca de 75 vidas humanas da transmissão da raiva, anualmente. n
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