
Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha
Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha
Microplásticos são quaisquer partículas sólidas sintéticas com tamanho variando de 1 µm a 5 mm, e que são insolúveis em água. Esses poluentes surgem de uma variedade de fontes: roupas, materiais de construção, sacolas plásticas e desgaste de pneus. Eles estão no ar que respiramos, no solo, nas águas de rios e mares — e também na água que bebemos e em nossos alimentos.
Há estudos que indicam um incremento na probabilidade de ataques cardíacos, AVCs e mortes. Os microplásticos adsorvem pesticidas, metais pesados, poluentes diversos e microrganismos causadores de doenças. Essas partículas estão em todos os ecossistemas e ambientes da Biosfera — inclusive sua casa.
Um estudo recente (A global estimate of multiecosystem photosynthesis losses under microplastic pollution) analisa um outro prejuízo importante causado pelos microplásticos: perdas na produtividade agrícola, pela redução da atividade fotossintética de culturas como milho, arroz e trigo.
Seus autores quantificaram uma redução global na fotossíntese entre 7,05 a 12,12% em plantas terrestres, algas marinhas e algas de água doce. Os esforços por uma agricultura que produza mais por unidade de área, sem desmatamentos, estão ameaçados, segundo seus autores, pela poluição plástica.
Aqueles cientistas demonstraram que os microplásticos, quando em contato com plantas e algas, diminuem o conteúdo total de clorofila, e consequentemente, a produção fotossintética. Na agricultura as perdas anuais são de aproximadamente 360 MT (bilhões de quilos) na produção global de arroz, trigo e milho. A magnitude das perdas anuais de colheitas causadas por microplásticos (9,56%) é comparável às perdas (~10%) causadas pelas mudanças climáticas entre os anos de 1964 a 2008.
Os autores são enfáticos ao relacionar essas perdas à fome mundial. Em 2022, cerca de 800 milhões de pessoas — 10% da humanidade — foram afetadas pela fome como consequência de guerras, extremos climáticos e desigualdade social. Eles argumentam que os impactos dos microplásticos na agricultura devam exacerbar esta crise, com um aumento de milhões de pessoas em risco de fome, mundialmente.
A fotossíntese é também essencial para funções ecológicas que incluem ciclos biogeoquímicos e o sequestro de carbono oceânico, dado que a fotossíntese fitoplanctônica contribui para quase metade da fixação anual global de CO2. n
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