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Quem lhes vêm bater à porta
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Professor da Universidade Regional do Cariri (Urca) e advogado. Membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia

Quem lhes vêm bater à porta

Como a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida, logo ali em Maracanaú, Evandro e Wagner estão no palanque de Roberto Pessoa. Em Iguatu, o PT vai de Ilo Neto, que defendeu o golpe de 2016, a prisão de Lula, pediu voto pra Bolsonaro, e agora aparece em santinhos ao lado de Lula, Camilo e Elmano
Tipo Opinião
Fernando castelo branco (Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Fernando castelo branco

João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. Tasso amava Wagner que amava André que amava Girão que amava Bolsonaro que não amava, nem ama ninguém, por absoluta incapacidade de ser e de sentir.

O PL amava o União Brasil que amava o PP que amava o Republicanos, ele flertava com o Novo, com o Podemos, e tinha um caso com o MDB que andava à braços dados com o PSDB.

Mas aí Lula ganhou, Bolsonaro foi para os Estados Unidos, e a turba ignara tentou um golpe. O União Brasil, o MDB, o PP e o Podemos foram para o governo do PT, o PSDB morreu de desastre e o Novo ficou para tia.

Já em Fortaleza, ninguém ama ninguém. Aqui, de repente, o espanto. Da calma fez-se o vento; e do amigo próximo, distante. De repente, não mais que de repente.

Mas como a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida, logo ali em Maracanaú, Evandro e Wagner estão no palanque de Roberto Pessoa. Em Iguatu, o PT vai de Ilo Neto, que defendeu o golpe de 2016, a prisão de Lula, pediu voto pra Bolsonaro, e agora aparece em santinhos ao lado de Lula, Camilo e Elmano. Em Juazeiro do Norte, estão Carmelo Neto, André Fernandes, Roberto Cláudio, Ciro Gomes e Capitão Wagner, unidos, no palanque de Glêdson Bezerra. No Crato, Roberto Claúdio e Sarto, que acusam Evandro de infidelidade partidária, estão no palanque de Dr. Aloísio, do União Brasil do Capitão Wagner, enquanto o PDT apoia André Barreto, candidato do PT.

No poema de Drummond, J. Pinto Fernandes é uma personagem que não tinha entrado na história e, ao final, casa com Lili. Nesta eleição, pela primeira vez em 20 anos, os partidos de esquerda não terão candidaturas em 51% dos municípios brasileiros, não terão candidaturas em 2 de cada 3 municípios de até 10 mil habitantes. Não entrarão na história e, ainda assim, esperam casar-se com a classe trabalhadora. Como?

Certo mesmo estava Leminski quando nos disse que, no fundo, a gente gostaria de ver nossos problemas resolvidos por decreto. Mas problemas têm família grande, e nesta eleição, um domingo, os vejo todos saírem para passear. Olho atento o cenário, atuo sobre ele, e a cabeça fria diz ao sangue quente: sossegue, coração, ainda não é agora, a confusão prossegue sonhos a fora.

 

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