Professor da Universidade Regional do Cariri (Urca) e advogado. Membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia
Professor da Universidade Regional do Cariri (Urca) e advogado. Membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia
O poeta Ferreira Gullar escreveu que o ano novo começa no coração, como a esperança de vida melhor que entre os astros não se escuta nem se vê nem pode haver; posto que isso é coisa de nós outros, humanos, bichos estelares que sonham e lutam. E como lutamos em 2024. Por emprego, por salário, por saúde, em defesa do bandim que nos toca de democracia, de humanidade, de respeito por si e pelo próximo.
Merecemos que 2025 seja diferente. Merecemos que os poucos governos popularmente referenciados que ajudamos a eleger não nos tratem como inimigos, não cedam à chantagem de quem não tem compromisso com a democracia e com a redução das desigualdades.
Não vivemos tempos fáceis, é certo. A extrema direita estreitou os limites do possível e do racional no debate político. Ela tem hoje força social, mobiliza gente e dinheiro, transformou torturadores em heróis e está disposta ao golpe. É um erro acreditar que a derrotaremos cedendo espaços e buscando conciliação com a direita. A direita brasileira não tem compromisso com a democracia, não tem projeto de país, não merece um milímetro de confiança.
Sei que vencer eleições impõe a construção de amplas alianças. Minha questão é outra: vencer para construir que outro modelo de sociedade?
O ano novo começa no coração, como esperança de vida melhor. E para a vida ser melhor, seguiremos sem questionar a "autonomia do BC"? Seguiremos fazendo de conta que o mercado financeiro não faz um ataque especulativo à moeda, à política econômica e, pior, ao governo eleito? Responderemos a estes ataques com ajustes fiscais mais duros? Ao ponto tal de atingir os reajuste do salário mínimo e dos benefícios de prestação continuada?
E aqui, em 2025 vamos mais uma vez desobedecer a data base dos servidores públicos e criminalizar entidades e dirigentes sindicais de categorias em greve? Vamos seguir derrotando os movimentos sociais para garantir ao agronegócio o "direito" de pulverizar veneno por meio de drones?
Quando é que vamos disputar o modelo de sociedade? Quando é que ao uso de agrotóxicos vamos contrapor o manejo alternativo de pragas e doenças com defensivos naturais como política pública? Quando é que ao invés da bíblia, vamos pautar a necessidade de ter nas bibliotecas escolares do Ceará as obras de Florestan Fernandes, Caio Prado Júnior, Virgínia Leone Bicudo?
Quando é que ao invés das areninhas, a política de estado será levar os Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (CUCAs) aos municípios do interior? Quando é que ao invés de "empreendedorismo", vamos discutir com nossa juventude nas escolas de tempo integral e profissionalizantes o cooperativismo, a economia solidária, a produção e o consumo conscientes, justos e solidários?
Isso combate a extrema direita, sua necropolítica e sua ideologia individualista, preconceituosa e antidemocrática. Isso oferece uma nova utopia, disputa o modelo de sociedade. Isso engaja, mobiliza, educa, conscientiza. Essa é a esperança que como bicho estelar que sonha e luta trago no peito para 2025 e os dias que virão.
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