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Flávio Paiva é jornalista e escritor, autor de livros nas áreas de cultura, cidadania, mobilização social, memória a infância. Escreveu os livros
Flávio Paiva é jornalista e escritor, autor de livros nas áreas de cultura, cidadania, mobilização social, memória a infância. Escreveu os livros
Com a execução de tantas funções avançadas por parte das novas tecnologias e com o crescimento das desigualdades sociais, aumenta a importância da arte como recurso à permanência humana. A experiência estética, por sua capacidade de satisfazer necessidades físicas e emocionais, vincula-se ao caráter operacional e existencial da vida.
A preparação do mundo interior de cada pessoa para atuar com equilíbrio e senso de coletividade no escoar desses acontecimentos que põem a humanidade e o planeta em constante estado de emergência é um desafio que vem sendo enfrentado por instituições comprometidas com a consonância entre esperança, aspirações e oportunidades.
No centro geográfico da América do Sul, na cidade sul-mato-grossense de Corumbá, onde a fronteira separa e une o Brasil da Bolívia e do Paraguai, o Instituto Moinho Cultural Sul-Americano vem cumprindo a árdua e prazerosa tarefa de apostar na potência criativa e participativa de crianças e adolescentes de comunidades brasileiras e bolivianas.
A força transformadora desse Moinho Cultural está na crença de que, mesmo em situações de vulnerabilidade e risco social, seus alunos são estimulados pelo que podem conquistar, e não com base no regime de carências a que são classificados pelos discursos confinantes. Ali aprende-se a elaborar a vida como criação, e não como mera sobrevivência.
Estive em Corumbá na semana passada (19 a 21 de fevereiro) e fiquei encantado com o que eles chamam de "prédio mais colorido da cidade". Realmente, está uma beleza aquele lugar que, em seus 21 anos de atuação cultural, educacional e cidadã, segue com atendimento diário a mais de 400 estudantes. O Moinho Cultural Sul-Americano funciona em um antigo moinho de trigo e fábrica de massas do Grupo J.Macêdo.
Na condição de profissional de comunicação da governança da empresa, acompanhei a primeira cessão de uso, em 2004, articulada pelo então diretor institucional Ricardo Ferraz, a renovação do comodato em 2014, quando estive em Corumbá juntamente com o acionista Amarílio Macêdo, e, agora, retornando ao Moinho, na companhia do diretor-executivo Luiz Eduardo Barbosa de Moraes, que conduziu a cedência, até 2045, do imóvel, que passa a ser de propriedade da Fundação Dias Macêdo.
O instituto funciona como uma grande escola, que projeta no continente esse município pantaneiro de 96 mil habitantes, banhado pelo rio Paraguai. Em seus espaços de música, dança, educação ambiental e patrimonial, letramento digital, idiomas, apoio escolar e psicossocial, biblioteca, estúdio de produção audiovisual e salas de ensaio, circulam o clássico, o tradicional e o contemporâneo. Um aprendizado que alcança outros territórios fronteiriços do Brasil com seus vizinhos hispano-americanos.
É magnética a relação humanizante entre estudantes com brilho nos olhos e a vibrante equipe do Moinho idealizado e presidido pela educadora social Márcia Rolon. Nota-se ali a presença renovadora do espírito artístico neutralizando efeitos de faltas afetivas e materiais, por meio de movimentos do corpo, da contemplação, da imaginação e da sociabilidade, como prova de que a condição social não é motivo de vergonha para quem está faminto de mundo.
O Moinho Cultural Sul-Americano oferece, antes de tudo, a simplicidade de uma convivência superior em termos relacionais. Quem estuda nessa energizante escola de Corumbá tem a possibilidade de desenvolver a sensibilidade para a arte, mas, principalmente, para ter portabilidade de perspectivas e poder contribuir para um mundo melhor.
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