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Os dois esportes brasileiros
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Professora em MBAs de Marketing do IBMEC Business School e da Unifor. Consultora na Gal Kury Marketing & Branding.

Gal Kury opinião

Os dois esportes brasileiros

A frustração do público ao ver um atleta brasileiro chegar à final e não vencer é compreensível, mas a maioria das pessoas não tem ideia do quão significativo é estar entre os melhores do mundo em qualquer modalidade, especialmente considerando o baixo incentivo ao esporte em nosso país
Caio Bonfim celebra medalha de prata após a corrida de 20 km em Paris (Foto: Paul ELLIS / AFP)
Foto: Paul ELLIS / AFP Caio Bonfim celebra medalha de prata após a corrida de 20 km em Paris

Durante os Jogos Olímpicos de Paris uma frase ressoou de maneira emblemática. Dita pelo atleta brasileiro da marcha atlética, Caio Bonfim, que conquistou a medalha de prata, mas que aqui chamarei de campeão, ele disse: "No Brasil só existem dois esportes: o futebol e o que está em alta; os outros parece que não existem".

Essa observação de Bonfim revela uma verdade dolorosa sobre a diversidade de modalidades esportivas no Brasil e a falta de apoio que muitos atletas enfrentam. Quando vemos a torcida brasileira, sofrida e estoica, acompanhando as competições, na esperança de um milagre que leve nossos atletas ao pódio, percebemos a dimensão do desafio.

A frustração do público ao ver um atleta brasileiro chegar à final e não vencer é compreensível, mas a maioria das pessoas não tem ideia do quão significativo é estar entre os melhores do mundo em qualquer modalidade, especialmente considerando o baixo incentivo ao esporte e a falta de condições para que nossos atletas se desenvolvam plenamente. É de se questionar por que as empresas não investem mais no esporte, que traz valores essenciais como resiliência, trabalho em equipe, esforço individual e equilíbrio mental.

Outra questão é a cobertura midiática. Em vez de enaltecerem as conquistas, muitas vezes focam no negativo. Como por exemplo: "Maria Fernanda perdeu a final dos 400m livre". Ao invés de reconhecer que ela é a sétima melhor atleta do mundo nessa modalidade, a notícia destacava a derrota. Outro exemplo foi uma manchete sobre Rebeca Andrade, mencionando que ela recebeu mais de R$ 1.300.000. O que não se menciona é que essa quantia foi acumulada ao longo de 12 anos, o que equivale a cerca de 9.000 reais por mês - uma soma modesta considerando o altíssimo nível da atleta.

Esporte é vida, paixão, compromisso, cultura e cidadania. Esporte é tudo isso e muito mais. É hora de reconhecermos e celebrarmos esses valores, proporcionando aos nossos atletas o apoio e o reconhecimento que merecem.

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