
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Quando candidato ao governo do Ceará, coisa de dois anos atrás, Elmano de Freitas tinha o apoio de algo próximo a 100 prefeitos, de 184 que há no Ceará. Ganhou a eleição, sentou na cadeira e atraiu para seu lado a maioria dos mais de 80 que na campanha da época tinham encontrado opções melhores entre os adversários. Ótimo para governar, mas um problemaço para momentos como o atual, de disputas locais pelo poder e que exigem posicionamento diante de correntes que estão todas alojadas dentro de uma base aliada larga e heterogênea.
Em resumo, o pessoal que cerca Elmano no Palácio da Abolição anda quebrando a cabeça para montar o mapa eleitoral de 2024. Responsável pela relação direta com os prefeitos, o ex-deputado Artur Bruno admite que a tarefa não tem sido das mais fáceis e que a primeira preocupação é separar os cenários que se dá como perdidos para oferecer ao governador, de início, uma lista de municípios que devem ser evitados na sua agenda pelo menos até enquanto o clima eleitoral estiver quente.
Bruno, por exemplo, era o representante do governador no evento de maio último que acontecia em Quixelô e que foi aproveitado por lideranças aliadas - o prefeito Adil Júnior (PSB) e o deputado estadual Agenor Neto (MDB) - para uma troca pública de ataques e acusações. Menos mal que o próprio Elmano de Freitas não estivesse presente para compor o cenário de uma constrangedora briga que, todos eles têm consciência, pode se reproduzir por igual, com personagens diferentes, em vários municípios espalhadas pelo Ceará.
A ordem é analisar caso a caso, buscando as minúcias de cada um deles, na expectativa de identificar as situações incontornáveis, de um lado, e, de outro, definir onde será recomendável, mais do que apenas possível, a presença do governador na campanha. Há um certo conforto entre os envolvidos pela constatação, de início, que os estratégicos palanques de Juazeiro do Norte (certeza total) e Sobral (muito provavelmente) estarão liberados para Elmano subir e abraçar as candidaturas de sua preferência. Um alívio em meio a muito desconforto.
Na perspectiva governista, as circunstâncias políticas levaram a uma mudança no time de articulação que terminaram por reforçá-lo, na prática. É perda de tempo procurar, entre seus antigos companheiros de trabalho na sede do governo, quem fale mal de Waldemir Catanho na função que exercia até sair para inédita aventura eleitoral em Caucaia, o que não impede que os elogios sejam fartos à sua sucessora, Augusta Brito.
O fato dela ter uma vivência parlamentar expressiva, como deputada e no mandato de agora como senadora - 1ª suplente que é de Camilo Santana -, acaba por garantir-lhe um peso a mais nas tratativas políticas de que participa em nome do governo. Na comparação direta com Catanho, claro. Augusta Brito tem sido uma figura atuante e decisiva na elaboração do mapa que definirá sobre a presença, ou ausência, do governador nos palanques municipais de 2024. Em algumas situações, relata uma fonte, desatando nós que pareciam difíceis de desfazer e liberando campanhas das quais a ideia inicial seria manter distância.
A atuação da secretária de Articulação Política tem sido de tal forma eficiente que já se discute como problema, por antecipação, a necessidade que surgirá mais adiante de encontrar alguém para substituí-la. Imaginando-se que sua volta ao mandato de senadora se torne uma necessidade do período pós-eleitoral, devido à permanência de Camilo Santana no Ministério e - o PT aposta muito nisso - a eleição de Janaína Farias como prefeita de Crateús. Há tantos desdobramentos nessa hipótese levantada, aparentemente de maneira extemporânea, que é melhor guardar para uma próxima coluna. Peço paciência ao leitor e prometo voltar ao assunto.
""Nós vamos ter que fazer um esforço muito grande de manter a base aliada mesmo tendo disputa”"
Elmano de Freitas (PT), governador, lembrando que a situação se repete há vários governos e sempre foi contornada. Acredita que isso acontecerá de novo em 2024
As lembranças justas pelos 30 anos do Real, completados uma semana atrás, esconderam, por razões conhecidas, o papel que teve na época o ex-governador e ex-deputado federal cearense Gonzaga Mota. Coube a ele a relatoria do primeiro texto que chegou à Câmara e, economista dos bons que é, cuidou de sugerir uma série de alterações com o sentido de melhorar a ideia. Os "pais" do plano não gostaram, deu-se uma manobra legislativa, uma medida provisória caiu, outra apareceu com o mesmo teor e um relator mais ao gosto foi escolhido, permitindo que a coisa seguisse exatamente do jeito que queria o governo da época. O espírito inquieto do parlamentar, então emedebista, incomodou os "gênios" que formavam aquela equipe econômica, mas, quem sabe, ouvi-lo naquele momento evitaria problemas que a exitosa iniciativa estabilizadora acabaria enfrentando ao longo do percurso. Talvez desnecessariamente.
Definido, já, como coordenador da campanha de Evandro Leitão à prefeitura de Fortaleza, Guilherme Sampaio anda sendo muito cobrado dentro do PT pelo conteúdo de uma nota publicada uma semana atrás nesta coluna. Problema, mea culpa que me cabe, nascido de uma má redação, pois se tentava dizer que sua escolha para a estratégica missão era um reconhecimento à postura equilibrada e justa que tivera diante do processo de disputa interna, considerando que era, ao mesmo tempo, presidente da executiva municipal e pré-candidato, ou seja, adversário de Leitão. A nota, de fato, dá a entender que ele "articulou" em favor do candidato escolhido. Não o fez e saiu derrotado na pretensão pessoal de ser candidato, mas ganhou pontos pela forma como absorveu o resultado e o respeitou. Acho que agora está dito de maneira mais clara e compreensível.
Gente mais próxima do deputado federal André Fernandes (PL) tenta instruí-lo a falar mais da cidade e seus problemas do que de ressaltar o apoio que tem de Jair Bolsonaro, guru e principal aliado do pré-candidato à prefeitura de Fortaleza. Faz muito sentido, porque boa parte dos bolsonaristas, turma que se abastece através da bolha noticiosa que frequenta, já sabe de sua intenção e do que ela representa. Os desatentos, neste segmento, darão pouco trabalho para serem seduzidos a partir de quando a informação lhes chegar. O desafio, portanto, é ganhar o voto da maioria que está fora dessa realidade paralela e que exige respostas concretas para problemas concretos do seu cotidiano. Neste caso, o discurso ideológico tem pouco, ou nenhum, poder de convencimento.
Eleição nenhuma é resolvida a partir dos encontros de gabinete, de cúpula para cúpula etc, mas o encaminhamento das coisas em Maracanaú indicam que uma derrota do prefeito Roberto Pessoa (União Brasil) em seu projeto de reeleição seria, a preço de hoje, a maior "zebra" das urnas em 2024. Impossível não é, repito. Muito forte politicamente o que aconteceu na semana com a manifestação publicada pelo arquiadversário Julio Filho, deputado estadual do PT, anunciando que se integra à campanha e que parte de sua plataforma de propostas será absorvida pelo ex-adversário. Ou seja, a articulação de Pessoa junto ao governo não apenas aquietou o parlamentar como o levou à campanha.
Quem cumpre agenda intensa na semana no Ceará é a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hofman. Por enquanto, consta na programação dela a participação especial em plenária com a militância em Juazeiro do Norte, com foco no Cariri - região na qual a sigla deve apresentar 21 candidaturas a prefeituras municipais -, além de encontros políticos em Fortaleza e Caucaia, disputa cada vez mais presente às prioridades estratégicas do partido. Definitivamente, Waldemir Catanho foi incluído entre os nomes que o partido quer vitoriosos nas disputas de 2024 e, pode-se dizer, apoio para isso não lhe deve faltar. Não sei em quantas cidades mais o postulante conseguirá colocar no seu material de campanha imagens juntas do ministro Camilo Santana e da deputada Luizianne Lins, por exemplo.
Da forma como vejo o mundo, tudo é política. Uma bela frase de efeito que abre espaço para a coluna falar sobre o curso "Novos Talentos para Estudantes de Jornalismo", que está com inscrições abertas até 15 de julho. Promovido pela Fundação Demócrito Rocha (FDR) em parceria com o Grupo de Comunicação O POVO, tem duração de três meses e oferece aulas teóricas e práticas nas redações do O POVO. Para se candidatar a uma das vagas, o estudante deve estar cursando a partir do 4º semestre de Jornalismo em qualquer faculdade de Fortaleza. Trata-se, é bom que os interessados saibam, do principal canal de entrada no Grupo, origem de uma boa parte dos profissionais que hoje ocupam suas bancadas de jornalistas. As inscrições devem ser realizadas exclusivamente pelo site: fdr.org.br/novostalentos
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