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A "vitória" dos memes e a derrota da notícia
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

A "vitória" dos memes e a derrota da notícia

É meio preocupante, pelo lado da informação, que uma iniciativa tão boba, claramente direcionada para um público que já está conquistado ganhe o destaque que teve no espaço da comunicação séria

Os últimos dias foram marcados por uma batalha de comunicação que, como saldo observável agora, indica mais uma vitória do bolsonarismo sobre o petismo (ou lulismo) quando se trata de usar as redes sociais como meio de fazer uma ideia prevalecer. O instrumento, desta feita, foram os tais memes, aquelas imagens em vídeo ou fotos (estáticas), que conseguem passar suas mensagens sem qualquer esforço de profundidade de quem as recebe.

O que aconteceu foi que o espaço foi tomado por peças, de uma maneira articulada e intensa, que tinham como alvo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A ideia comum presente a todas elas era cravar nele, que é filiado ao PT e em 2018 substituiu Lula como candidato à presidência da República, a ideia de um criador voraz de impostos etc etc. Quadro que a realidade talvez nem confirme, mas ela importa pouco nessas horas e ações.

Aconteceu que a história pegou e se percebeu uma aflição nas esquerdas para criar um contraponto eficaz. Esforço inócuo e desnecessário. Destaque-se que o governo, incluindo o próprio Haddad, parece ter reagido da forma certa ao ignorar oficialmente o barulho, apesar do nome do ministro ter sido levado àquele telão famoso da Times Square, em Nova York, jocosamente chamado ali de "taxad". Uma bobagem, realizável por qualquer 40 dólares (coisa de 230 reais), preço que se cobra pelo tempo de 15 segundos que durou a peça com o ministro brasileiro. Ninguém que valha a pena destacar notou.

É meio preocupante, pelo lado da informação, que uma iniciativa tão boba, claramente direcionada para um público que já está conquistado e que não precisa de muita coisa para ser satisfeito no seu sentimento antipetista, ganhe o destaque que teve no espaço da comunicação séria, onde se deveria exigir um pouco mais de profundidade para dar a um fato o status de notícia.

Quanto ao fato político, está claro que os lulistas (petistas inclusive) não têm estratégia para enfrentar a eficiente forma como a direita bolsonarista ocupa a agenda, independente de qualquer dúvida ética que se tenha acerca dos meios de que se utiliza. O grupo simpático ao atual presidente não sabe se defender e ainda não encontrou uma forma de atacar na briga permanente com os adversários pelo comando da pauta nacional.

É o que explica a realidade em que o ex-presidente Jair Bolsonaro, de verdade cercado por tantas confusões, desacertos e até crimes originários do seu tempo no governo, nunca se sente emparedado. E aqui falamos do mundo real, calcado em situações objetivas e comprovadas, não de memes ou meras peças de comunicação bem feitas, tanto quanto vazias de verdade em muitas situações.

Foto do Guálter George

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