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Tenho medo de Pablo Marçal
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Tenho medo de Pablo Marçal

Temo-o na condição de democrata que se assusta ao ver o avanço de um estilo tão destrutivo e que busca, maliciosamente, tirar proveito de um momento de descrédito real da sociedade com a política
Pablo Marçal em debate da Band (Foto: Reprodução/Vídeo)
Foto: Reprodução/Vídeo Pablo Marçal em debate da Band

Estou, admito, muito assustado com a chegada do estilo Pablo Marçal à política brasileira. Não havia na nossa história algo parecido em termos de desrespeito absoluto às regras de convivência numa disputa que precisa ser regrada para ser justa, minimamente. O que acontece agora em São Paulo não encontra correspondência em nada que tenhamos assistido algum dia, insistirei.

A participação dele, Marçal, nos dois debates realizados até agora entre os candidatos à prefeitura paulistana indicam o tamanho incomensurável do problema que temos diante de nós. Seu discurso é de alguém que se diz, abertamente, numa missão de desmoralizar a política, esforço que as ações confirmam da maneira mais desavergonhada possível. Lamentavelmente, inclusive, com sinais de que pode estar funcionando.

Tenho alguma experiência de organizar debates entre candidatos em campanhas, do tempo em que coordenava a cobertura política do O POVO, o que me garante certo conhecimento de como se dá a discussão com as assessorias e do quanto elas, em geral, cobram regras rígidas de comportamento entre os participantes. Algumas delas sem disfarçar o interesse de asfixiar qualquer possibilidade de discussão e de mantê-la sob o controle possível.

Diante disso, não entendo porque o Pablo Marçal em questão há tido um comportamento nos dois debates de que participou, organizados pela Band e pelo Estadão, sem que aparentemente regras existissem. Fez acusações levianas e vazias, que nada tinham a ver com os objetivos centrais do evento, constrangeu adversários, agiu o tempo todo como um moleque, fez e desfez sem que a organização conseguisse, ou sequer tentasse, enquadrá-lo.

Pergunto as razões disso, considerando que tudo é precedido, repito, por cansativas reuniões que buscam estabelecer padrões mínimos de convivência entre pessoas que se odeiam, eventualmente, dentro de um mesmo ambiente. Pablo Marçal, que fez fama e fortuna ensinando quem o contrata a ser um vencedor na vida e manter o equilíbrio mesmo em situações de risco - coach que é, ou foi - chega à política como um péssimo exemplo de comportamento pessoal e, parece claro, demonstrando-se uma contradição viva em relação ao que vende aos clientes como um valor.

O medo que tenho dele, e tenho, não é relacionado à condição real que apresente de me impor qualquer tipo de prejuízo pessoal ou material. Não acho que isso exista. Temo-o na condição de democrata que se assusta ao ver o avanço de um estilo tão destrutivo e que busca, maliciosamente, tirar proveito de um momento de descrédito real da sociedade com a política, justificado até. Cenário propício para aproveitadores, picaretas, espertalhões, malandros, manhosos, ardilosos, maraus.......

Foto do Guálter George

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