Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Definitivamente, o Capitão Wagner (União Brasil) encara seu momento mais desafiador da campanha eleitoral de 2024, na sua terceira tentativa de se eleger prefeito de Fortaleza. A perda de seis pontos que o instituto Datafolha colhe entre esta pesquisa, cujos números estão sendo divulgados, e a realizada em agosto (dias 20 e 21) indica, meio que impõe, a necessidade de um ajuste forte e rápido na sua estratégia. O que antes era 29% das intenções de voto agora são 23%.
O cenário geral da disputa fortalezense parece confuso no seu todo. São quatro blocos competitivos, nenhum deles fora das projeções de um segundo turno a essa altura, e o que começa a ruir é a consistência que Wagner até então vinha demonstrando. Considerando-se que era previsível desde o início que a entrada de André Fernandes (PL) no jogo prejudicava, de cara, o candidato do União Brasil.
É só lembrar que nas campanhas anteriores a candidatura do Capitão Wagner abarcava em torno dela todas as correntes de direita, não havia concorrência nesse campo ideológico a fustigá-lo. O que acontecia neste 2024 é que o custo político-eleitoral da perda de apoio desse segmento, em especial a turma bolsonarista, não aparecia nas pesquisas. Nesse sentido, a tranquilidade acabou.
Sem apontar, ressaltar e destacar as fragilidades que entenda existir na candidatura do adversário André Fernandes, o Capitão Wagner vê o risco de a vantagem numérica que ele abre agora no Datafolha, aparecendo com 25% (em situação de empate técnico entre os dois), se ampliar ao longo dos dias e, pior, da turma que vem de baixo também alcançá-lo, superando-o em algum momento. Em especial Evandro Leitão (PT), também num ritmo de crescimento vertiginoso, chegando aos 19% ao acumular o mesmo ganho de nove pontos de Fernandes, e que corre numa faixa do eleitorado sobre o qual o representante do União Brasil tem pouco controle, quase nada podendo fazer para contê-lo.
Por razões que seus estrategistas certamente precisam explicar, Wagner concentrou fogo demasiado no prefeito José Sarto (PDT) e em sua gestão, talvez imaginando-se já no turno seguinte e calculando que seria o melhor adversário a enfrentar. Acontece que o pedetista, mesmo ainda no bolo e na briga, vive drama semelhante de perda de ritmo e, por exemplo, cai cinco pontos, de 23% para 19%, entre uma pesquisa e outra. O que aparenta é que a campanha do União Brasil errou o alvo principal para essa etapa da disputa, muito embora ainda disponha de tempo bastante para ajustar a mira e acertar o foco.
Era previsível, portanto, que os adversários chegariam e até imagino que a perda da liderança estivesse no horizonte do experiente político, já com algum histórico acumulado em disputas majoritárias. O que vai se saber, diante da situação configurada, é o que ele tinha preparado para enfrentar esse momento e se bastará para, nos 23 dias de campanha que restam, garantir o seu nome entre os dois que passam à próxima fase. Concluindo-se, diante do que o Datafolha acaba de nos informar, que a ideia de um vencedor direto já em 6 de outubro deva ser descartada no momento.
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