Logo O POVO+
A intenção era golpe de Estado, não brinquemos com isso
Foto de Guálter George
clique para exibir bio do colunista

Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

A intenção era golpe de Estado, não brinquemos com isso

Naturalizar o que aponta o relatório policial seria um escárnio e, certamente, funcionaria meio como incentivo para que outras maluquices do tipo acontecessem no futuro, tornando-o permanentemente incerto
Delegados alertam sobre corte no orçamento da Polícia Federal (Foto: © Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Foto: © Rafa Neddermeyer/Agência Brasil Delegados alertam sobre corte no orçamento da Polícia Federal

A mais recente operação da Polícia Federal, que levou à cadeia quatro militares e um agente da própria instituição, exige que cada um de nós defina de que lado está na divisão que se criou entre os que defendem a democracia e aqueles que tentaram, e ainda tentam, destruí-la em nosso País. Não há um terceiro caminho a observar.

Ignorar ou relativizar a gravidade do que está revelado na nova etapa das investigações sobre o que tem acontecido no Brasil desde 2022 já não significa apenas escolher uma narrativa ideológica, no meio de uma mera disputa pelo poder, mas representa estar ao lado de quem atuou objetivamente para interromper a nossa normalidade institucional.

O que revela o relatório que embasou as decisões da última terça-feira do ministro Alexandre de Moraes, do STF, são aterradoras. Os envolvidos acusados, agora presos, organizavam ações criminosas, que previam inclusive assassinatos de pessoas públicas que se entendia como entraves aos seus planos de instituir pela força e a violência um regime político que não tinha a ver com a decisão legitimada pelas urnas na última eleição presidencial, destacando-se que a lista era integrada pelo presidente e o vice-presidente eleitos e por um ministro do Supremo. Partindo-se de uma ideia de fraude para a qual não há uma prova respeitável apresentada.

Não há opção. O único caminho possível para quem é realmente democrata, seja de direita, esquerda, centro ou o que valha, é o da indignação com o general, os três tenente-coronéis do Exército e o agente da Polícia Federal que estão acusados de integrar um grupo criminoso que se dispunha a participar de uma ação que custaria vidas e lançaria o ambiente político do País no caos, com efeitos difíceis de prever. O certo é que não seriam bons e não trariam a paz que a nossa sociedade anda precisando, aliás, que eles deveriam ter como missão principal buscar, agentes públicos de segurança que o são.

Brinca com fogo quem se agarra convenientemente a fundamentos rasos, jurídicos ou políticos, para questionar a investigação e as prisões alegando que nada do que estava planejado efetivamente aconteceu. Naturalizar o que aponta o relatório policial seria um escárnio e, certamente, funcionaria meio como incentivo para que outras maluquices do tipo acontecessem no futuro, tornando-o permanentemente incerto.

É um erro grave de jornalistas, políticos, advogados e quem mais se esforça nos últimos dias para questionar o acerto da firme, oportuna e certeira reação das autoridades, considerando que a opção que nos resta é responder de maneira exemplar a ameaça de Golpe de Estado que nos rondou e que a cada dia aparece de maneira mais cristalina. Este caso, porém, diferencia-se pelo nível de detalhes colhidos e pelas demonstrações apuradas de que havia um grupo disposto a qualquer coisa para fazer prevalecer suas ideias. Inclusive, a prática do magnicídio.

Foto do Guálter George

A política do Ceará e do Brasil como ela é. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?