
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Até concordo com o argumento muitas vezes lançado pelos defensores da indicação de Onélia Santana para a vaga que se preenchia de conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de que aspectos vinculados ao machismo também embalavam uma parte das críticas e da resistência política que envolveu o ato.
É o que parece embutido na insistência de apresentá-la apenas como "mulher do ex-governador Camilo Santana" e no tom mais incisivo que o trecho ganhava nos discursos críticos, fugindo de um debate melhor focado nas qualidades objetivas que ela terá para sentar na cadeira a partir de quando tomar posse, considerando que os ritos legislativos estão cumpridos e agora falta apenas a nomeação oficial pelo presidente da Assembleia, deputado Evandro Leitão (PT). A parte sem emoção da história, pode-se dizer.
Minha opinião sobre a escolha é que ela parece politicamente errada, inclusive para sustentar com mais força um dos melhores argumentos utilizados para justificá-la. A história da quase paridade que se cria no TCE, com equilíbrio na composição do plenário entre homens (4) e mulheres (3). Parece um tanto ofensivo às próprias beneficiadas, como gênero, porque termina por criar uma ideia, mesmo não sendo a intenção aparente, de que haveria apenas uma pessoa apta ao papel entre nós. No caso, a própria Onélia.
O entendimento que tenho, portanto, é de que havia um equívoco de partida. Porém, decidida a escolha, feita a indicação, caberia organizar uma estratégia de redução de danos, o que passaria, necessariamente, por uma maior exposição dela, no contato com o público, talvez via imprensa, e, especialmente, nos debates dentro do parlamento. Diga-se que, é verdade, Onélia Santana já tem relativa experiência com tal realidade, secretária de Estado há alguns anos, existindo razões para se acreditar que sua performance ajudaria a fortalecer a compreensão geral de que a opção por ela ia além do peso de um sobrenome ou de ligações pessoais eventuais. No caso, nem tão eventual.
O que se fez, no mundo concreto, vai numa linha contrária. Fechar o acesso de jornalistas e do público à reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia na qual deu-se a sabatina, por exemplo, ajudará pouco no convencimento da sociedade de que está sendo nomeada uma pessoa capaz de exercer a tarefa que a espera no TCE. Sem direito, sequer, a transmissão ao vivo pelos canais oficiais, num esforço de esconder o que deveria ser exposto, inclusive, repita-se, pelas demonstrações registradas de que, sim, é uma designação responsável e com capacidade de levar adiante a missão, para além dos vínculos pessoais que apresente.
Dito isso tudo, voltemos à forma equivocada como o discurso oposicionista em geral se contrapõe à ação política do governo através do nome sugerido. Pessoalizando além do que a situação requer, de fato, buscando a desqualificação pela desqualificação e fugindo do que seria realmente essencial no caso: discutir os caminhos que historicamente se tem adotado para preencher vagas que se abrem em instâncias como o TCE, não apenas neste governo, mas também no anterior, no anterior do anterior etc.
A ideia oportunista e imediatista de tirar proveito da situação, certamente olhando para as urnas de logo adiante, nos leva a perder mais uma oportunidade de discussão sobre os problemas de fundo, significando que a tendência, para o futuro, é que eles, entendidos como tal, tendem a se repetir. Apenas com personagens novos e representando estrato diferente da política. Em síntese, é errado e merece críticas e ataques porque não sou eu quem estou fazendo ou me beneficiando.
"Honrarei a confiança depositada e os anseios de justiça e retidão que a sociedade demanda do TCE"
Onélia Santana, em mensagem de agradecimento aos deputados pela aprovação de seu nome para o Tribunal de Contas do Estado
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O senador Eduardo Girão (Novo), que sempre faz um grande esforço para se diferenciar do bolsonarismo - algo dificultado pela pauta que costuma abraçar no Congresso de total alinhamento com o movimento de extrema-direita - finalmente ganhou, na semana, uma chance para mostrar sua alegada independência. No debate sobre armas, votando com o governo na tentativa infrutífera de incluí-las no chamado "imposto do pecado" na reforma tributária, através de uma taxação mais alta. O problema, para ele, é que se trata, desde o começo do mandato, talvez, do único tema que o coloca em lado oposto àquele onde estejam o ex-presidente da República e seus adeptos.
Ainda não há sinal de que um rompimento tenha acontecido entre eles, mas a relação entre Ciro Gomes e o deputado federal Mauro Benevides Filho (PDT) já viveu dias melhores. Ciro segue no ataque ao governo Lula, no estilo virulento e rebaixado que o caracteriza, enquanto o parlamentar, inclusive pela condição de vice-líder na Câmara, cresce em Brasília no time da linha de frente dos defensores do Palácio do Planalto, especialmente quanto aos temas econômicos. E tem feito isso com a competência de sempre e grande entusiasmo, frequentemente batendo de frente com, as ideias expressas pelo seu líder.
Para quem ainda tenta relativizar a necessidade de uma regulação nas redes sociais sugiro dar uma olhada geral nas redes sociais dos últimos dias, especialmente em plataformas como twitter e youtube, em parte dos conteúdos relacionados à saúde do presidente Lula. Não precisa gostar dele, idolatrá-lo ou o que valha para entender que é inaceitável o que alguns publicam na forma de notícia ou, vá lá, de opinião. Coisa criminosa circulou, e segue publicado sem qualquer restrição, assustando que uma parte disso produzida e assinada por gente da área médica, cujo compromisso ético parece ter perdido espaço para o ódio e a intolerância política. Infelizmente.
Parece que os vereadores levaram a melhor no embate com a prefeitura de Juazeiro do Norte em torno da reforma da previdência dos servidores municipais. Glêdson Bezerra (Podemos) sancionou na semana o texto que recebeu da Câmara, onde um veto seu foi derrubado, demonstrando desistência da intenção inicial, expressa pelo seu líder na Casa, Rafael Cearense (Podemos), de judicializar a questão. O texto sancionado estabelece alíquotas progressivas de 12%, 13%, 14% e 15%, entre as faixas salariais de R$ 3,8 mil e R$ 19,4 mil.
Guilherme Sampaio: No momento que julgar conveniente, o governador Elmano anunciará seu novo líder, a ser escolhido entre os muitos nomes qualificados que compõem a bancada governista
Guilherme Sampaio: Será um ano de deslanche de vários projetos e ações planejados(as) ou iniciados(as) nos dois primeiros anos do Governo Elmano, e outros(as) pactuados(as) com o Governo Lula. Espero que a discussão dessa pauta, que terá muito impacto no desenvolvimento socioeconômico do estado, seja bastante presente e produtiva na Assembleia. Além disso, penso que o debate ideológico do campo progressista com a extrema direita, responsável pelos graves retrocessos do governo Bolsonaro, também persistirá no ano pré-eleitoral.
Guilherme Sampaio: Não tenho dúvidas de que o governador será reconduzido pelo povo cearense para mais um mandato. Com o apoio do Governo Lula e a credibilidade que conquistou na forte aliança que lhe dá sustentação .
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