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O caso PIX e a vitória da mentira
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

O caso PIX e a vitória da mentira

Quem alimentou uma tese que sabia inverídica para atender objetivos políticos, além do serviço prestado ao crime pela oportunidade para roubos digitais que ofereceu com suas lorotas, não pode passar impune
Receita Federal alerta sobre novo golpe envolvendo o Pix (Foto: divulgação / Receita Federal)
Foto: divulgação / Receita Federal Receita Federal alerta sobre novo golpe envolvendo o Pix

O resumo mais simples que se pode fazer do desfecho do caso do PIX, com o Ministério da Fazenda recuando dos seus planos de estabelecer um monitoramento mais amplo de operações em determinadas faixas, é que a desinformação venceu. É fato que também concorreu a desorganização do próprio governo e a ausência quase completa de uma estratégia de comunicação para fazer chegar às pessoas uma medida de tanta repercussão popular.

Governos erram e acertam, nada há de estranho nisso, cabendo a quem faz parte dele tomar suas providências para, diante de uma derrota como a que se verifica, corrigir rumos. O que nos deve preocupar a todos é a influência maior exercida no episódio, quase que decisiva, do enxame de notícias mentirosas que circulou nos últimos dias, sob o pomposo nome de fake news. A prática grassou no ambiente das redes sociais desde quando o debate ganhou as ruas, as casas, os comércios, as festas etc.

Uma estratégia de divulgação melhor preparada pelo governo ajudaria a enfrentar melhor a situação, mas, diante do volume observado, há dúvida se seria suficiente para conter a força do discurso que conseguiu emplacar uma versão que o texto apresentado não permitiria.

A história de taxação do PIX, de que estava prevista uma cobrança nas operações e coisas do tipo, era uma mentira que, contada, repetida e o tempo todo reforçada, virou verdade na cabeça de muita gente. Fora dos limites da bolha bolsonarista, é preciso dizer.

A questão específica parece superada nessa fase e anuncia-se que o debate voltará à pauta na forma de um projeto a ser encaminhado ao Congresso, com sua tramitação própria e, esperamos, em ambiente mais sereno e focado no mundo real.

Por outro lado, é importante que seja levada adiante a disposição apontada pelas autoridades de identificar, investigar e punir aqueles que difundiram a versão falsa, aproveitada por alguns para aplicar golpes. É de uma coisa grave e criminosa que estamos falando.

É bom que isso aconteça inclusive para separar melhor as situações, porque uma parte da oposição, por exemplo, agiu dentro do seu papel no episódio, aproveitando-se das brechas que encontrou para lançar dúvidas e dificultar a vida do governo. No limite do que a verdade permitia.

Agora, quem alimentou uma tese que sabia inverídica para atender objetivos políticos, além do serviço prestado ao crime pela oportunidade para roubos digitais que ofereceu com suas lorotas, não pode passar impune.

E, finalizando, está novamente caracterizada a necessidade de uma regulação das plataformas, criando meios que realmente sejam capazes de inibir quem as utiliza para práticas condenáveis. Mentir é uma delas, alcançando o estágio de criminoso quando chega ao nível representado pela difusão de uma história que impactou na economia ao gerar insegurança e pânico em muita gente. Este é um debate que precisamos fazer para ontem.

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