Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
O cheiro de eleições já envolve boa parte das ações justificadas pela política no Ceará. Quem mais se move nesse sentido, o governador Elmano de Freitas (PT), encara o desafio de não deixar que o clima contamine o andar das coisas na sua gestão administrativa, porque ainda tem quase metade do mandato para buscar cumprir as metas, ou parte delas, que assumiu na vitoriosa campanha anterior, de 2022.
Porém, o movimento mais firme no sentido de ajustar o quadro de hoje aos objetivos eleitorais de amanhã foi dado pelo próprio Elmano com a sacudida em sua equipe. Mudou gente, alterou perfis, redirecionou estratégias, enfim, buscou pôr fim às dúvidas de que seja o nome do PT para tentar uma nova temporada no Palácio da Abolição. Não havia algo que chamasse atenção ou que se devesse levar tão a sério, mas coisa assim é bom mesmo matar logo no nascedouro.
Ainda mais porque criou-se uma onda recente em torno do senador Cid Gomes (PSB) e suas intenções reais para 2026, parte justificada por seus movimentos enigmáticos, parte alimentada por especulações um tanto vazias. O que há de mais novo são declarações do próprio Cid, ao participar de evento político em Sobral na semana, reafirmando não ter pretensão de ser candidato a nada na próxima eleição, ou seja, de vontade própria estaria fora da briga pela reeleição e também desautoriza quem indicar intenção sua de tentar uma volta à chefia do governo estadual. Peço apenas um pouco de atenção à menção da "vontade própria" na frase anterior.
Cid não é um ator qualquer na política cearense e uma eventual ausência dele na briga pelos cargos majoritários que estarão em disputa alteraria bastante as conversas e o ânimo em torno delas. A forma como procede não permite uma certeza, agora, de quem sairia ganhando com uma desistência dele, caso se confirme, considerando que poderia ser resultado de insatisfação com os aliados atuais, instalados nos governos petistas, significando que a oposição se fortaleceria de alguma forma.
E a oposição, o que tem feito? Há formas diferentes de encarar este ponto da equação, porque até o segundo turno do ano passado em Fortaleza parecia necessário usar o plural na referência aos grupos contrários ao PT e seus governos diante dos perfis, acreditava-se, quase inconciliáveis dos líderes de cada grupo. De um lado, ex-aliados do PDT e abrigados em torno da então gestão fortalezense, liderados pelo ex-prefeito Roberto Cláudio, candidato derrotado por Elmano pouco mais de dois anos atrás; de outro, bolsonaristas e seus aliados, à direita e seu extremo, articulados em torno da figura do Capitão Wagner.
A aliança dos grupos de RC e Wagner, os dois à frente, em torno da candidatura do bolsonarista André Fernandes em Fortaleza, acabou construindo um palanque improvável que há evidências de que se mantém montado. Há conversas acontecendo, especialmente entre as figuras do (ainda) PDT e do União Brasil com chances reais de redundar num acerto eleitoral para o próximo. Para colocar o PL e sua visão própria de mundo na equação precisará de um pouco mais de conversa porque nem sempre as pessoas respaldam nas ruas, e no voto, acordos que se faz no conforto dos gabinetes. Porém, de partida, seria uma união poderosa.
É notória a mudança de comportamento político do deputado federal cearense André Fernandes (PL) no pós-eleitoral. A postura discreta na crise do pix e também no barulho que a sua turma aliada fez em torno da posse de Donald Trump nos Estados Unidos indicam que ele mudou. Aliás, dentro da mesma linha de entendimento, seu nome está na primeira página dos parlamentares que assinam emenda, a ser apresentada na Câmara brevemente, reduzindo a idade mínima de quem quer disputar o Senado, o governo estadual ou a presidência da República. Aprovada a tempo de vigência para 2026, a medida abriria brecha para ele, hoje, com 27 anos, brigar, por exemplo, pelo Palácio da Abolição.
O novo Casa Civil do governador Elmano de Freitas, Chagas Vieira, dá o que se quer adotado a partir de agora com os ataques oposicionistas. Não é um fato qualquer que ele próprio tenha sido escolhido para, nas redes sociais, reagir a críticas do Capitão Wagner e de Roberto Cláudio pelo quadro de segurança pública no Ceará. O tom e o teor das mensagens de Chagas, que é jornalista, indicam que a orientação da vez é na base do bateu, levou. A volta dos trabalhos na Assembleia Legislativa, em fevereiro, certamente encontrará um ambiente mais conturbado e a base aliada precisará estar pronta para as batalhas de todo dia. Apenas votar com o governo não será suficiente.
É mais do que apenas uma escolha, um recado importante a definição da deputada licenciada Lia Ferreira Gomes (hoje à frente da Secretaria da Mulher no Ceará) como presidente da executiva do PSB em Sobral. Já empossada no cargo, ela evidencia uma disposição de cobrança ao prefeito Oscar Rodrigues (União Brasil) que exigirá dele uma grande capacidade de fazer gestão e conciliá-la com eficiência política. Lia passa a ser, e isso parece estratégico, o rosto mais claro (porque o nome já tem) do que representa a oposição sobralense. Tem a ver com o futuro.
Está sendo muito elogiada a programação anunciada pela secretaria de Cultura para o pré-carnaval de Fortaleza. Ponto para Helena Barbosa e sua equipe diante das muitas dúvidas que havia quanto à capacidade que teria a nova gestão de dar resposta para um problema que já encontrou na mesa ao chegar. O fez, diga-se, no tempo rápido exigido e com qualidade elogiável. A dúvida maior era derivada do próprio discurso de terra arrasada que o novo time apresenta, começando pelo prefeito Evandro Leitão (PT), que sempre fala do caos financeiro herdado. O pessoal da área cultural é mais competente do que os outros ou o caos não era tão caos assim?
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