
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Uma pergunta surge meio como circunstância do momento para ser feita a determinados políticos e analistas que insistem na tese de que a Justiça brasileira tem sido muito dura com os acusados de envolvimento com os atos violentos de 8 de janeiro de 2023, contestando-se a ideia de que vivemos ali uma tentativa de golpe de Estado: o que teria sido aquilo, então?
Uma multidão invade as sedes dos poderes em Brasília, vandaliza, depreda, ataca verbalmente figuras públicas - e somente não o faz fisicamente porque nenhum dos que era alvo foi visto por ali -, boa parte dos participantes prega abertamente uma intervenção militar e defende que o presidente eleito e recém-empossado não poderia mais governar, enfim, o que mais precisaria haver para entendermos que o alvo definido era o Estado Democrático de Direito? Sem contar toda a situação prévia relacionada, como os acampamentos diante dos quartéis, interrupção de estradas, tentativa de invasão violenta à sede da Polícia Federal etc etc.
É necessário entender como essas pessoas interpretam, de verdade, os acontecimentos diante da semana animada de mobilização para quem teima em não enxergar riscos à nossa estabilidade democrática com as confusões de Brasília naquele começo de 2023. O próprio presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), agitou a turma durante entrevista a uma rádio, respaldando o entendimento de que não havia golpe no radar. O argumento que ele abraça é, para mim, o mais facilmente contestável: "não havia um líder, portanto não se pode falar em golpe", alegou.
Dizer que não havia um líder é uma tremenda injustiça com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Era exatamente estimulado por suas ações e silêncios usados como referência, desde quando ele ainda estava no cargo, que a turba se inspirava para manter vivo o sonho de uma anulação, pura e simples, da decisão tomada pela maioria do eleitorado brasileiro de colocar Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. Não caberia mais àquela altura discutir se a opção foi melhor ou pior, se a mudança foi boa ou ruim, mas, como a regra democrática manda, aceitar o resultado e ir pra casa. Ocupando o espaço de oposição, claro, não no sentido literal da expressão.
Um gesto simples de Bolsonaro, oficializado o resultado pela justiça eleitoral, teria bastado, já na noite de 30 de outubro de 2022, para evitar boa parte (talvez todos, até) dos transtornos que o País enfrentou durante a transição e na primeira semana do governo Lula, até chegarmos à assustadora situação em que os símbolos de poder do Estado foram atacados de maneira violenta por um grupo de pessoas que tinha um líder, sim, e é obrigação da sociedade agora, através de suas representações institucionais, fazer com que todos respondam pelo que fizeram.
Claro que as responsabilidades devem ser individualizadas e as punições precisam considerar o nível de envolvimento e de influência de cada investigado. Nesse sentido, as palavras do presidente da Câmara parecem corretas e devem ser acolhidas, especialmente pelos julgadores, não havendo sinais concretos de que tal preocupação esteja sendo desconsiderada. Há uma hierarquia, os pesos precisam ser modulados de maneira conveniente, mas, voltando ao ponto, o líder está identificado e deve ser punido de maneira exemplar. Sem anistia.
O distanciamento do ex-prefeito José Sarto do PDT é tal que o presidente da executiva estadual, deputado federal André Figueiredo, não dava sua presença como certa no almoço político da última sexta-feira por não ter certeza de que o telefone para qual enviara o seu convite, por Whatsapp, ainda lhe pertencia. Não pertencia mais e um dos presentes ligou na hora e conseguiu que ele chegasse a tempo de ainda participar das conversas e, principalmente, das imagens do encontro.
Esperado para março, em Fortaleza, o ex-ministro e atual Assessor Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos. A ideia é, ao lado da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, fazer aqui a entrega das novas certidões de óbito dos desaparecidos políticos aos familiares. Nilmário Miranda deve aproveitar para lançar seu novo livro - "Por trás das chamas: Mortos e desaparecidos políticos, 60 anos do golpe de 1964" - e há chance de a programação também trazer Vera Paiva, filha de Rubem Paiva (cuja história de desaparecido político é retratada no filme "Ainda Estou Aqui").
O deputado federal cearense André Fernandes, do PL, escolheu o alvo errado para aplicar a ideia do lugar de fala, que ele próprio tanto combate, num debate na Câmara. Foi quando decidiu questionar a legitimidade da petista Erika Kokay, eleita pelo Distrito Federal, para abordar a realidade nordestina após ouvi-la destacar da tribuna, provocativamente, que o eleitor de Fortaleza escolhera o PT para administrar a cidade nas eleições de 2024. Apesar de conviver há dois anos com a parlamentar, que de tempos em tempos faz menção a isso, o bolsonarista cearense soube pela própria, na ocasião, que seu registro de nascimento é de Fortaleza. Como ressaltou da tribuna, "com muito orgulho".
Prefeitos e lideranças do Interior fazem chegar ao Palácio da Abolição mensagens de apoio à nova linha bateu-levou que é tocada adiante, em especial, pelo Chefe da Casa Civil, Chagas Vieira. Havia, antes, um certo incômodo com a excessiva passividade governista em relação aos ataques e críticas da oposição, timidamente respondidas, sobrando para os aliados desenvolverem iniciativas próprias de contraponto. Como gesto de defesa da gestão e de Elmano de Freitas, mas, no frigir dos ovos, também como meio de minimizar os desgastes locais que a ação oposicionista tinha potencial de criar.
Apesar da segurança de uma bancada com 30 vereadores dos quais espera apoio total, a articulação política do prefeito Evandro Leitão (PT) fecha as contas para dar-lhe o sinal verde definitivo para encaminhar a proposta de reforma administrativa à Câmara sem qualquer risco de enfrentar problemas na tramitação. A questão principal é acomodar interesses de aliados que atuam numa mesma área da cidade sem parecer que agrada um em detrimento do outro. De qualquer forma, é quase certo que a matéria chega à Casa durante a semana.
A cansativa cantilena está de volta, agora no Equador. O presidente Daniel Noboa, que esperava reeleição em primeiro turno como candidato da Ação Democrática Nacional (ADN), domingo passado, reagiu à frustração de precisar de um segundo turno que será disputado em 13 de abril, diante da surpreendente performance da adversária de esquerda Luiza Gonçalves, da Revolução Cidadã, reclamando de "fraude". Além do ataque dos seus aliados às províncias que deram maioria à oponente, acusando-as de serem controladas pelo narcotráfico, algo próximo ao que tem acontecido aqui em relação ao Nordeste. Detalhe importante: Noboa, um político de direita, quase extrema, critica um modelo eleitoral que tem como base o voto impresso.
Prisco Bezerra é o nome correto do irmão do ex-prefeito Roberto Cláudio que se considera exercer uma influência importante sobre as decisões que ele toma na política. Atualmente, inclusive, é 1º suplente do senador Cid Gomes.
Prisco Viana, como erroneamente foi identificado na semana passada, foi um político baiano influente no passado, deputado por vários mandatos, ministro do governo Sarney etc. Uma confusão que denuncia a idade do colunista.
Chiquinho Feitosa, o empresário que preside o Republicanos no Ceará e tem planos de disputar o Senado na aliança governista em 2026, é dono hoje de uma das agendas políticas mais movimentadas. No que depender do corpo-a-corpo pode-se dizer que está bem posicionado.
Fernanda Pacobahyba, hoje na equipe de Camilo Santana em Brasília, ganhou atenção nos meios políticos com a inesperada menção de seu nome como potencial candidatura no futuro pelo senador Cid Gomes. Muita gente levou a história a sério.
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