
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
É notório o crescimento da extrema direita no plano global, com suas ideias de mundo e, dentro delas, formas equivocadas e definitivas de encarar temas fundamentais como defesa do meio ambiente, luta pela igualdade de gêneros, justiça social, enfim, aquilo que parece ligado à pauta que mobiliza as forças progressistas. Há, diante disso, razões suficientes de preocupação para quem idealiza a política como um espaço aberto à convivência entre as visões diferentes que formam uma sociedade, ideológicas, religiosas ou o que valha.
Feito o preâmbulo, aponte-se que o quadro só não é mais preocupante porque configura-se uma resistência objetiva do público feminino ao avanço do extremismo de direita que marca o momento mundial. Postura política que se confirma a cada episódio eleitoral e que voltou a se registrar agora na Alemanha, que domingo passado escolheu seu novo parlamento, do qual sairá o governo apto a comandar o país pelos próximos anos.
O que aconteceu ali foi que a extrema-direita apresentou uma força inquestionável nas urnas, chegando a 19,5% dos votos e mais que dobrando de tamanho. Mostrou, inclusive, um potencial de futuro que precisa preocupar mais as correntes realmente democráticas, de todas as vertentes. Mais não fizeram porque uma maioria do eleitorado jovem e feminino optou por partidos e políticos institucionais, permitindo à direita tradicional alemã - que atua dentro dos limites legais e não abraça a lógica de que o adversário deve ser destruído, e não somente derrotado - apoio suficiente para liderar a formação de um novo governo. O que tem parecido suficiente para acalmar o ambiente interno e a própria comunidade internacional.
Não é um fato qualquer que isso aconteça na Alemanha, berço do nazismo, movimento histórico terrível ao qual se ligam de alguma forma os novos extremistas de direita. E onde entra o voto feminino na conversa? É que o crescimento do grupo radicalizado seria maior, aproximando-o mais ainda da meta de até conquistar o direito de tentar formar um governo, não fosse a firma resistência das mulheres que votaram, e essencialmente das jovens, passo fundamental para os partidos de centro e de direita poderem continuar comandando o país, a partir de um acordo político entre eles.
Assim tem sido onde o extremismo de direita disputa eleições com algum protagonismo, ganhando ou perdendo. No Brasil mesmo, que tem no bolsonarismo e no ex-presidente Jair Bolsonaro a expressão mais clara do movimento, as mulheres sempre estiveram identificadas como fator de resistência. Nem sempre no nível suficiente, como aconteceu em 2018 com o barulhento movimento "Ele não", mas, no caso de 2022, era clara a predominância do segmento feminino no voto que permitiu a vitória do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Gesto que tinha muito mais a ver com a rejeição ao bolsonarismo e àquilo de perigo que se considera que ele representa.
O que acontece nos Estados Unidos também serve de exemplo como gesto simbólico de defesa de quem se sente ameaçado por uma ideologia perigosa. Donald Trump não estaria hoje na Casa Branca caso dependesse apenas das eleitoras, calculando-se que uma maioria de 55% delas tenha optado pela adversária Kamala Harris. Uma outra demonstração importante de que o extremismo avança em meio a um combate contra ele que tem nas mulheres um fator de referência importante.
Resumo da história: caso a sociedade, no sentido global, vença a queda-de-braço na qual se envolve na atualidade com o extremismo político de direita, a primeira menção na listagem de créditos pela vitória deve ser dirigida às mulheres, como representação coletiva. Um gesto de defesa do direito de existir como gênero merecedor de respeito, é possível, mas no fundamental, reconheça-se como marcante a firmeza da resistência de um gênero ao avanço de forças cujas marcas de negacionismo se fazem espalhadas por várias áreas do cotidiano. Inclusive, não raro, na democracia como um valor básico de nossa convivência social.
Os gritos recentes dos aliados pedetistas Adail Junior e Luciano Girão estão sendo objeto de uma análise mais ajustada dos articuladores políticos do prefeito Evandro Leitão, dentro de um esforço de entendê-los na profundidade do que representam. Acha-se estranho, de início, que ambos busquem apontar um discurso de bloco, falando de um grupo com sete vereadores que, de verdade, não atuam conjuntamente. Desde a campanha tem sido assim e, inclusive, há na bancada quem faça reunião com o deputado federal André Fernandes, do PL, e anuncie isso publicamente. Por exemplo, PPCel, a cada dia mais próximo do bolsonarismo.
É momento de o secretário de Segurança Pública, Roberto Sá, mostrar a cara de verdade e se fazer mais concretamente presente diante do momento desafiador que enfrentamos. Apenas emitir nota oficial diante de ações cada vez mais ousadas do crime organizado não consegue representar a resposta que se espera das forças públicas. Não é o caso de cobrar ações espetaculosas e barulhentas, mas algo precisa ser feito no sentido de espantar a sensação de que estamos perdendo o controle da situação. O que aconteceu nos últimos dias no Complexo do Pecém é grave demais e não pode ser naturalizado.
Um dos presentes mais cumprimentados e celebrados no evento político em que se transformou, quinta à noite, a inauguração do Boteco do Barrigudim, na Meruoca, era o deputado federal Júnior Mano, do PSB, vestindo a cada dia com maior entusiasmo o figurino de pré-candidato ao Senado. Mais solto do que ele apenas o próprio dono do empreendimento, que vem a ser o atual senador Cid Gomes, este foi ainda além e, em dado momento, "tomou" o microfone da atração musical Márcio Greick para soltar a voz. Deixou a impressão de que acertou ao não buscar o caminho artístico como meio de vida.
O deputado federal José Guimarães é petista demais para, a essa altura, submeter o Governo Lula, do qual é líder na Câmara, aliás, a mais uma crise com o anúncio de Gleisi Hoffman para o ministério da Articulação Política. O fato, no entanto, é que ele vivia mesmo a expectativa de que seria convidado para substituir Alexandre Padilha, mesmo sem ter certeza de que seria o melhor caminho diante dos seus planos pessoais de disputar o Senado em 2026. O silêncio dele ao longo de toda a sexta-feira, enquanto a bancada no Congresso saudava a notícia através das redes sociais, diz algo do sentimento pessoal do influente parlamentar cearense.
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