
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Eis que a causa feminina, da qual sou integralmente apoiador, sem olhar para ideologia ou filiação partidária de quem seja vítima dos efeitos de uma sociedade que trata as pessoas diferente a partir do gênero, ganhou vozes importantes de apoio nos últimos dias. Por motivações erradas, derivadas de uma interpretação sobre algo que não foi dito, mas, de qualquer forma, o mais importante é perceber que uma consciência sobre o problema começa a se criar dentro de um segmento até então insensível a ele.
Será importante ter (imagino) essas vozes apoiando, a partir de agora, o enfrentamento de situações cotidianas reais de desqualificação e ataque à mulher derivadas apenas de uma condição de gênero. Por exemplo, na próxima vez em que um presidente da República reagir a uma notícia publicada na imprensa que entenda lhe ser desfavorável acusando a jornalista responsável pela matéria de querer “dar o furo”. Este sim, um evento envolvendo ironia ruim, depreciativa e grosseira, que aconteceu um dia em nosso País.
Também podem ser úteis, as novas falas recém chegadas à luta, quando um deputado dirigir-se de maneira desrespeitosa a uma colega de parlamento para dizer que não “a estupraria” porque ela não merece. Uma alusão, depreende-se, ao que ele considera falta de qualidades estéticas para ela se fazer “merecedora” de uma das agressões mais vis que um ser humano pode cometer contra o outro. Violência de gênero na veia!.
São dois exemplos, de um conjunto bem mais amplo disponível, de agressões efetivas às mulheres no mundo real em que vivemos. O elo comum entre eles é a figura do político Jair Bolsonaro como protagonista, pelo lado da agressão, em ambos os casos.
Episódios que não exigem interpretação equivocada, torta ou, eventualmente, apenas baseada na má fé para se chegar à conclusão de que ofendem a mulher pela condição de mulher, tão somente. Neles não há necessidade de ginástica política retórica para que se busque o objetivo de transformar um registro factual rápido e despretensioso em ofensa de gênero ou coisa que valha.
Fico feliz, apesar dos pesares, em perceber que finalmente uma área política contemporânea que até outro dia desdenhava da batalha de muitas pelo direito de receber um tratamento digno, algo mínimo, hoje demonstre capacidade de entender o problema na sua dimensão dramática. Como próximo passo, se couber uma sugestão, convém afastar o viés ideológico da postura a ser adotada diante de cada caso. As vítimas (verdadeiras) agradecem.
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