Advogado, pós-graduado em Processo Penal e mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza (Unifor). É professor do Centro Universitário Estácio/Ceará e da Universidade Sete de Setembro (Uni7). Fundador do escritório Hélio Leitão e Pragmácio Advogados
Faço uma justiça, sobre o que mais devo ao shopping Center Um, o vício da cinefilia. Fui frequentador assíduo, na infância e na adolescência, do Cine Gazeta, que por muito tempo funcionou por lá
Comemoram-se por estes dias o aniversário de 50 anos do primeiro shopping - ou centro de compras, como preferem os puristas da língua de Camões, da cidade, o Center Um, bem ali na avenida Santos Dumont, coração do bairro Aldeota.
Das pessoas amigas que me sabem saudosista e cinquentão recebi textos, imagens e vídeos sobre a idealização, construção e inauguração do empreendimento comercial, uma ousadia empresarial para a época, que buscava, valendo-se de uma boa dose de marketing e pura criatividade, dar ao fortalezense uma alternativa ao entorno da Praça do Ferreira, onde se concentravam massivamente as atividades comerciais e a oferta de serviços na capital daqueles princípios da década de 1970. Não por acaso os mais antigos diziam ir "à rua" ou "à cidade", para referir-se ao centro de Fortaleza. Eram expressões correntes até então, que denotavam a centralidade comercial que o centro da cidade detinha, perdoem-me o trocadilho. Lembro bem de minha avó materna falando desse modo.
Estive, como o título deste artigo já denuncia, em alguns dos eventos que marcaram a inauguração do empreendimento que tanto encantava a classe média citadina. Eventos que se estenderam por toda uma semana ou um mês, já não recordo, afinal era eu uma criança de apenas seis anos de idade. Sim, bem feitas as contas, vê-se que ando pela casa dos cinquenta e seis. Dos eventos que marcaram a inauguração, e foram vários, guardo nítidas na memória boas lembranças e uma frustração. Uma delas, claro, o elefante, chamado Jumbo, que tornou-se a marca do shopping. Trouxeram o animal para a inauguração, de São Paulo, na carroceria de um caminhão.
Lembro que as crianças formavam filas imensas para dar uma curta volta no lombo do animal. Eu mesmo era uma delas nos braços de meu pai, também Hélio, que à certa altura - aqui a frustração que tem me perseguido até hoje, aborreceu-se com a longa espera, a aglomeração e o calor, e me fez desistir da aventura do passeio na cacunda do paquiderme. Já o perdoei pela impaciência que me fez abdicar do sonho, jamais realizado, de andar em um elefante, como só os indianos fazem e gente vê nos filmes.
Por falar em filmes, agora faço uma justiça, sobre o que mais devo ao shopping, o vício da cinefilia. Fui frequentador assíduo, na infância e na adolescência, do Cine Gazeta, que por muito tempo funcionou por lá. Tornei-me cinéfilo, acompanhando a programação do "Cinema de Arte do Cine Gazeta"; as exibições que havia nas noites de sexta-feira e manhãs de sábado, quando travei meus primeiros contatos com o cinema dos grandes diretores, de Ingmar Bergman, Federico Fellini, François Truffaut, Mario Monicceli, Roberto Rossellini, e tantas escolas e linguagens fílmicas.
Eram tempos em que o acesso a filmes como esses era coisa difícil. Paixão que não largo, antes cultivo com ardor, embora o tempo livre hoje seja mais curto. Mas o grande amor pelo cinema, ali despertado, quero deixar para outro artigo. Pena que o Cine Gazeta Center Um hoje seja apenas uma página saudosa na vida cultural a cidade. Faz uma falta enorme.
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