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Viagem ao México
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Advogado, pós-graduado em Processo Penal e mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza (Unifor). É professor do Centro Universitário Estácio/Ceará e da Universidade Sete de Setembro (Uni7). Fundador do escritório Hélio Leitão e Pragmácio Advogados

Viagem ao México

As viagens improvisadas parecem ser sempre as melhores. Tenho boas lembranças de minha ida não programada ao México, com experiências maravilhosas que vivenciei, e um dia voltarei lá
Campanha eleitoral no México (Foto: PEDRO PARDO / AFP)
Foto: PEDRO PARDO / AFP Campanha eleitoral no México

Às vésperas dos feriados da semana santa, que neste ano estendeu-se pela segunda-feira, feriado nacional pelo dia de Tiradentes, conversava eu com um velho amigo - estava ele de malas afiveladas para um giro europeu. Conversava e, devo confessar, babava de inveja. Adoro viajar, descobrir novos mundos, hábitos e modos de viver. Já bati muita perna por este mundo de meu Deus - não tanto quanto eu queria, mas nesses dias feriados não consegui deixar a cidade loira desposada do sol. Fiquei por aqui mesmo, a maior parte do tempo em casa.

Na conversa recordei algumas experiências de viagem, uma das quais quero partilhar aqui com os leitores destes meus artigos. E olhem que os tenho, saibam que até já fui abordado em plena rua por pessoas que sequer conheço e que disseram gostar de ler o que escrevo, algumas falaram esperar com ansiedade por meus modestíssimos escritos. Acreditei, não sem uma ponta de orgulho.

Viagem ao México. O ano era 2015, já se vão dez anos, o tempo voa. Até então não havia despertado em mim maior interesse em conhecer a terra dos astecas, dos revolucionários Pancho Villa e Emiliano Zapata. A coisa se deu meio de repente, quando lia "O homem que Amava os Cachorros", romance de autoria do escritor cubano Leonardo Padura, que me caiu às mãos por artes do destino.

Uma narrativa fascinante sobre a perseguição stalinista a um dos mais proeminentes líderes da revolução russa de 1917, Liev Davidovich Bronstein, o Trotsky. Seu período de exílio na Turquia, França e Noruega, até o seu destino final - e fatal, o México, do general nacionalista Lázaro Cárdenas Del Río, que acolheu o exilado ilustre.

A rotina de Trotsky e de sua mulher Natália Sedova, na Cidade do México, muito bem descrita e escrita por Padura; o seu confinamento, por imperativo de segurança, quase em tempo integral na casa transformada em bunker que lhe serviu de morada no bairro de Coyoacán, após uma breve estadia em outra casa, a "Casa Azul" de Frida Khalo e de seu marido, o muralista genial Diego Rivera.

Dizem as más línguas, e as há por toda a parte, não seria diferente em terras mexicanas, que teria "rolado um clima" entre o revolucionário ucraniano e a pintora, o que não teria sido do agrado dos cônjuges supostamente traídos, ensejando a mudança do casal estrangeiro para uma outra casa, a alguns quarteirões dali, onde hoje funciona o "Museo Casa de Leon Trotsky".

Acontece, assim são as coisas do coração. Adorei o livro e botei na cabeça que conheceria o México. A qualquer custo. Aquilo tornou-se para mim então uma necessidade, de uma premência até hoje inexplicada. Em alguns poucos dias estava já de passagens compradas e logo tomei do avião para a Cidade do México. Como o espaço que me reservado aqui já se aproxima do seu fim, não dá para falar do muito que vi e senti na viagem. Contarei em outro artigo, prometo. O certo é que voltei maravilhado, com vontade de voltar. Vontade que ainda não matei, homicida incompetente que sou. Resta a certeza de que as viagens improvisadas são sempre as melhores.

 

Foto do Hélio Leitão

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