Polícia descobre câmeras dentro de apartamento de deputada cearense em Brasília
Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Polícia descobre câmeras dentro de apartamento de deputada cearense em Brasília
Casada com Capitão Wagner (União), a parlamentar acionou, ainda em agosto do ano passado, a Polícia local, que investiga o caso
A Polícia Civil de Brasília descobriu que o apartamento onde estava se hospedando a deputada federal Dayany Bittencourt (União Brasil-CE) era monitorado internamente por quatro câmeras, uma delas dentro do banheiro do espaço.
Casada com Capitão Wagner (União), a parlamentar acionou, ainda em agosto do ano passado, as autoridades locais, que abriram inquérito para apurar autoria de possível crime.
O trabalho dos agentes já identificou os suspeitos tanto de instalar as câmeras quanto de ordenar que os equipamentos fossem montados para eventualmente revelar a intimidade da deputada.
À coluna, Capitão Wagner confirmou a informação. Por meio de nota, Dayany se mostrou consternada diante do que considera como uma "violação de sua privacidade".
A coluna teve acesso ao inquérito e aos laudos anexados. Neles, peritos do Distrito Federal informam que as câmeras instaladas no apartamento 2053 do bloco B do Golden Tulip, em Brasília, estavam localizadas no quarto/cama, no armário/entrada do banheiro e na sala/cozinha. Um quarto dispositivo não pode ser identificado.
Em despacho de 8 de abril, o delegado Bruno Dias Galvão Cavalcanti requereu urgência no processo, “tendo em vista a sensibilidade do caso, devido às pessoas envolvidas”.
No documento, o delegado questiona se “há possibilidade de um usuário ter acessado as filmagens em tempo real e guardado todas elas em outra memória que não o DVR, sem deixar vestígio”.
Cavalcanti também interroga se “imagens da vítima e/ou de seu esposo” poderiam ter sido “produzidas e salvas em outra memória, sem que se deixassem vestígios”.
Finalmente, o agente indaga se “seria tecnicamente possível haver imagens da vítima em outra memória (física ou não), mesmo que a análise da seção de investigação tenha concluído que nas imagens extraídas do período de 21/08/2023 a 28/08/2023 não havia qualquer material relacionado a ela”.
Leia a íntegra da nota
Venho a público expressar minha profunda consternação, repúdio e revolta, diante da violação de privacidade ao qual fui vítima.
No dia 28 de agosto de 2023, foi descoberta a existência de algumas câmeras escondidas no apartamento do qual eu era inquilina, em Brasília. Uma invasão à minha privacidade e à privacidade do meu esposo, algo que nunca pensamos viver, o que transformou um espaço de segurança e conforto em um cenário de constante vigilância e medo.
Este ato não apenas infringiu os meus direitos individuais fundamentais, garantidos por nossa Constituição, mas também impôs um peso emocional imensurável, resultando em traumas, sensação de vulnerabilidade constante e pânico.
A minha tristeza não vem apenas pela invasão da minha privacidade, mas também da constatação de que ainda temos um longo caminho a percorrer para garantir segurança, até mesmo dentro de nossos lares.
Estou tomando todas as medidas legais cabíveis para investigar e processar os responsáveis por este ato criminoso. O inquérito corria em segredo de justiça até a última semana, para que os responsáveis pudessem ser punidos com rigor, mas, infelizmente, não obtivemos essa resposta firme contra os criminosos.
Continuamos lutando por justiça, para garantir que não tenhamos mais pessoas passando por esse tipo de violência e violação de seus direitos.
Neste momento, agradeço todo o apoio de minha família, amigos, eleitores, colegas e de toda a comunidade.
Dayany Bittencourt, deputada federal
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