Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Uma oposição ao prefeito José Sarto bem mais ampliada fez barulho ontem na Câmara Municipal contra mensagem de empréstimo de R$ 425 milhões. O mascote foi a cachorrinha Marrion
Símbolo da campanha eleitoral de 2020, Marrion não tem a estirpe de um "caramelo" qualquer, mas passou maus bocados ontem na Câmara de Fortaleza ao estampar cédulas falsas de 100 reais. Figurando como marca d'água ao lado do rosto do ex-tutor e prefeito José Sarto (PDT), a Lulu da Pomerânia mais famosa do Ceará foi mobilizada por uma oposição cada vez mais vocal e organizada na tentativa de barrar mensagem do Paço cuja finalidade era conseguir autorização para um empréstimo de R$ 425 milhões.
A justificativa para a operação de crédito é uma mordida: entre outros pontos, registra a mensagem do Executivo municipal, "é importante considerar as incertezas geradas pelas tensões geopolíticas em curso, em especial as decorrentes da falta de resolução da guerra da Ucrânia, bem como o conflito entre Israel e Hamas".
Diante dessa esparrela, o bloco anti-Sarto no Legislativo até se mostrou feroz e rangeu os dentes, mas a caravana governista passou. Foram 24 votos favoráveis à oitava tomada de recursos contra 16 - distribuídos entre PL e PT.
Moral da história: a queda de braço foi o primeiro teste de fogo da nova base do pedetista, que se saiu até bem, noves fora a abstenção de Cônsul do Povo, vereador que riscou apenas a letra "B" do PSDB durante a janela partidária, filiando-se ao PSD.
Os "biscoitos" do prefeito
A pouco mais de cinco meses das eleições, o enfrentamento entre arco governista e oposição na Câmara de Vereadores da capital cearense foi pedagógico ao revelar que, sob pressão de uma agenda do prefeito, atores de legendas radicalmente diferentes podem eventualmente encontrar um denominador comum, atuando em conjunto, numa coalização inusitada de interesses políticos capazes de unir os bolsonaristas Inspetor Alberto (a mente por trás da "operação" Marrion) e Julierme Sena, ambos do PL, a Gabriel Aguiar (Psol) e Júlio Brizzi (PT), dois dos opositores mais empedernidos da casa legislativa.
Os "biscoitos" do deputado
Por falar em cachorro, o deputado federal Célio Studart (PSD-CE), um reconhecido amante dos animais, tem gasto uma parcela do seu francês para explicar os nexos entre fotos suas de dorso e braços nus e a pauta do seu mandato como parlamentar na Câmara Federal.
Publicada incialmente pelo "Núcleo.jor" e reproduzida por dúzias de sites noticiosos, uma reportagem informou que Studart, ex-titular da Secretaria da Proteção Animal do governo de Elmano de Freitas, teria usado recursos públicos para turbinar registros mais pessoais no Instagram.
Voltados para mulheres entre 18 anos e 24, exclusivamente de Brasília, neles o cearense se permite abrir mão do "dress code" mais formal que demarca o figurino do decoro congressual. Numa imagem, por exemplo, o deputado surge numa piscina em traje de banho, segurando casualmente uma latinha de energético, num arranjo visual que tem apenas uma ligação remota com a causa animal: a tatuagem de cachorro bastante visível.
Veja bem...
À coluna, o deputado federal negou que tenha empregado dinheiro da verba parlamentar para "biscoitar" nas redes, que, segundo ele, requerem uma estratégia distinta, a depender da plataforma.
"O Facebook tende a ser segmentado a um público mais velho e o Instagram a um público mais novo", disse. Ainda de acordo com Studart, "quem produziu aquela 'matéria' (do Núcleo.jor) se interessou apenas em falar do Instagram". O pessedista rejeita as acusações: "Não houve qualquer pedido de ressarcimento sobre várias daquelas publicações mencionadas. Algumas nem como deputado eu estava na Câmara, e o único mês deste ano em que houve ressarcimento de anúncios (o que é legal) foi janeiro".
"Doutor" Camilo
À frente do MEC, o ministro e ex-governador Camilo Santana recebeu ontem o título de "Doutor Honoris Causa" da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais. "É um reconhecimento que me honra e me encoraja a trabalhar cada vez mais pelo desenvolvimento do nosso país", discursou o petista.
Na cerimônia, por sinal bastante concorrida, não se ouviu qualquer menção ao fato de que a UFLA é uma das 52 universidades federais em greve no país e que, neste momento, alguns estudantes talvez desejem obter também o título de doutor ou de mestre, ou apenas concluir uma graduação em condições razoáveis de ensino.
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