Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
A disputa pela Prefeitura de Fortaleza em 2024 tem se mostrado uma verdadeira guerra entre (ex) aliados. Um desses campos de batalha se dá à direita, entre Capitão Wagner (União Brasil) e André Fernandes (PL)
Foto: André Costa/Divulgação Eduardo Girão
Os pré-candidatos à Prefeitura de Fortaleza André Fernandes (PL), Eduardo Girão (Novo) e Capitão Wagner (União Brasil)
Não é segredo que, ao menos por enquanto, a disputa pela Prefeitura de Fortaleza em 2024 tem se mostrado uma verdadeira guerra entre (ex) aliados. Um desses campos de batalha se dá à direita, entre Capitão Wagner (União Brasil) e André Fernandes (PL), atual representante do bolsonarismo na capital cearense. À coluna, o parlamentar aliado de Jair Bolsonaro projetou ida ao segundo turno da corrida pelo Paço na esteira das críticas mútuas entre Evandro Leitão (PT) e José Sarto (PDT), chefe do Executivo e postulante à reeleição. Segundo Fernandes, "está tendo uma briga entre PT e PDT e isso talvez futuramente venha a nos beneficiar". O pré-candidato avalia que existe um vácuo na campanha do qual ele pode tirar proveito, deixando um dos nomes das máquinas governistas fora da etapa seguinte. A preço de hoje, Fernandes calcula que apenas um deles segue na caminhada pelo comando da administração, Evandro ou Sarto - um segundo turno entre ambos seria mais difícil. Do mesmo modo, estima que, do lado conservador, ou ele ou Wagner avance - os dois, para ele, é cenário improvável.
Disputa vai aposentar algum nome
Se a avaliação estiver certa, o pleito em Fortaleza deve guardar um ineditismo: aposentar ou jogar na geladeira um dos quatro nomes mais competitivos na arena local. Se Sarto não obtiver sucesso no primeiro turno, seu grupo (Roberto Cláudio e Ciro Gomes) definhará de vez, perdendo seu único trunfo - a gestão da cidade. Se, por outro lado, Evandro ficar pelo caminho, é o capital de Camilo Santana e a reeleição do governador Elmano de Freitas em 2026 que estarão em jogo. Noutro espectro, se for Wagner o derrotado, a carreira do ex-deputado federal deve se encaminhar para um desfecho abreviado. Finalmente, se Fernandes não alcançar, no mínimo, uma terceira colocação na queda de braço pela sucessão, mantendo-se à frente de Wagner, é o poder de fogo do bolsonarismo em Fortaleza que receberá uma pá de cal depois da derrota de 2022. Num cenário como no outro, a eleição deste ano tende a ostracizar algum personagem político relevante.
Gaudêncio de olho na vice de novo
O empresário Gaudêncio Lucena tem expertise em vices. Ainda pelo então PMDB, elegeu-se como companheiro de chapa de Roberto Cláudio em 2012, impondo derrota a Elmano, candidato à sucessão de Luizianne Lins (PT). Quatro anos depois, já rompido com RC, pleiteou a vice novamente, agora como parte da chapa encabeçada pelo oposicionista Capitão Wagner, à época no PR. Atual vice-presidente estadual do PL, hoje Gaudêncio é nome citado como potencial vice tanto de André Fernandes, caso o partido de Bolsonaro decida por chapa-pura, quanto de Wagner, na hipótese de PL e União firmarem aliança no primeiro turno. Nessa situação, o entendimento é de que o deputado federal não aceitaria ocupar a vice do aliado, mas indicaria um representante do partido - que seria Gaudêncio. Em conversa com a coluna, o ex-vice-prefeito admitiu: "Trabalho, incentivo e torço por esse acordo. Estou batalhando na costura dessa união".
Encontros e desencontros
No último sábado, 25, a direção do PL no Ceará, a cargo do deputado estadual Carmelo Neto, organizou um encontro da legenda com jovens lideranças. Estrela do evento, o deputado federal André Fernandes chegou depois da foto oficial no palco. Nela, não se vê o pré-candidato do partido à Prefeitura. Já ao fim da agenda, Carmelo e Fernandes atenderam a imprensa - cada qual no seu quadrado. Não foi mera casualidade. O entorno de ambos disse que se trata de medida profilática para evitar tensões entre os dois, que apenas se toleram. Daí que um "carmelista" tenha se queixado de que o ex-presidente Jair Bolsonaro, cuja participação era esperada no evento ao vivo, acabou se limitando apenas a gravar um vídeo genérico de apoio aos representantes do partido.
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