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PSD e PSB em guerra pela vice de Evandro
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

PSD e PSB em guerra pela vice de Evandro

O PSD quer estabelecer como nota de corte a densidade eleitoral na cidade, materializada nas suas bancadas federal e municipal. Já o PSB marcou reunião para hoje para apresentar proposta de candidata à vice
Pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza, Evandro Leitão (PT) (Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)
Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo Pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza, Evandro Leitão (PT)

A disputa pela vice de Evandro Leitão (PT) na corrida pela Prefeitura de Fortaleza escalou nos últimos dias, com o PSD avançando e riscando uma linha no chão. Nela, o partido estabelece como nota de corte a densidade eleitoral na cidade, materializada nas suas bancadas federal e municipal. Em entrevista à rádio O POVO CBN semana passada, o deputado e dirigente local pessedista, Luiz Gastão, foi ao ponto: "Em termos de Fortaleza, os três deputados federais do PSD tiveram mais de 180 mil votos. Quantos votos o PSB teve?". Antes, Gastão já havia sugerido ao menos um nome de peso para compor a chapa com Evandro, o da deputada estadual Gabriella Aguiar (PSD), cujo domicílio eleitoral passou de Tauá para a capital cearense a partir de 2022. Logo, a parlamentar está apta a desempenhar a função de companheira de urna do presidente da Assembleia Legislativa na queda de braço pelo Paço. A posição do PSD foi turbinada ainda pelo resultado da pesquisa Datafolha contratada pelo O POVO, na qual Célio Studart, pré-candidato extraoficial da sigla, aparece com 8% da preferência do eleitorado fortalezense, tecnicamente empatado com Evandro.

A resposta do PSB ao PSD

Noutra ponta, o PSB não ficou parado. Agendou para hoje, segunda-feira, 1º/7, um encontro no qual promete apresentar a Evandro Leitão, cuja presença no evento foi confirmada à coluna, a indicação da ex-secretária da Cultura Luísa Cela para concorrer como vice ao lado do deputado petista. Em uma nota lançada horas depois de divulgada a sondagem do Datafolha em que o PSD surge bem na fita, a legenda de Eudoro Santana e do senador Cid Gomes reafirma determinação para ocupar o posto no bloco, abrindo um cabo de guerra na base do governador Elmano de Freitas e do ministro Camilo Santana (PT). Como se trata da expectativa sobre uma primeira manifestação pública de Cid desde que o ex-governador admitiu que não tinha sido consultado a respeito de nomes para a vice, a reunião do PSB tende a desatar alguns nós - ou a deixar o cenário mais enevoado.

A vice de Fernando Santana

A desistência do deputado estadual Davi de Raimundão (MDB) em concorrer à Prefeitura de Juazeiro do Norte fez a fila andar. Para a vice do também deputado Fernando Santana (PT), pré-candidato a quem Davi logo declarou apoio, o MDB vai oferecer o nome da esposa do ex-prefeito Raimundo Macedo - o "Raimundão" que Davi carrega como referência no painel da Assembleia Legislativa para que não reste qualquer dúvida sobre a relação filial. Mãe do parlamentar e ex-primeira-dama do município, Maricele Macedo é quadro com trabalho social na região. Esse foi um dos pontos à mesa em torno da qual Davi e o pai negociaram a retirada da candidatura na terra de Padre Cícero, em tratativas que se estenderam do Ceará a Brasília. O outro item na agenda foi a promessa de que o emedebista será o candidato de Fernando à Alece em 2026.

Datafolha, a segurança e Elmano

Talvez desperte alguma preocupação no núcleo palaciano do Abolição o cenário traçado pelo Datafolha contratado pelo O POVO. Nele, instados a responder qual o principal problema de Fortaleza hoje, 44% dos entrevistados disseram que é a segurança pública - o percentual chega a 51% em alguns segmentos do eleitorado. Como o assunto é de competência estrita do Governo do Estado, o candidato apoiado pelo Executivo entraria na pista já sob pressão de um panorama desfavorável, com aumento nos índices gerais e a lembrança muito fresca de chacinas ou tentativas. Essa sobrevalorização do tema em relação aos demais, tais como saúde ou educação, poderia também realçar habilidades de adversários no pleito, a exemplo de Capitão Wagner (União), cujos esforços até então se concentravam em arejar o seu perfil, apresentando-se como um "player" que se revela à vontade também abordando outros tópicos frequentes numa campanha.

 

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