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Sarto quer imagem de tocador de obras
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Sarto quer imagem de tocador de obras

A estratégia do prefeito e pré-candidato é inspirada no ex-prefeito Juraci Magalhães para mostrar a cidade como um "canteiro de obras"
Tipo Análise
Prefeito José Sarto (Foto: Máximo Moura/Alece)
Foto: Máximo Moura/Alece Prefeito José Sarto

Pré-candidato à reeleição, o prefeito de Fortaleza José Sarto (PDT) tenta compensar a perspectiva de baixo tempo de propaganda eleitoral com a imagem de um gestor cujas obras falam por si. A tarefa não é fácil, mas não se pode dizer que o pedetista não esteja tentando. Até o limite do prazo legal, a intenção é oferecer um cardápio diversificado de intervenções na capital cearense. O propósito do chefe do Executivo, como deve estar claro a esta altura, é se apresentar ao fortalezense como um administrador à semelhança de Juraci Magalhães, em cuja retórica o atual prefeito parece se inspirar, dos gracejos públicos até certo repertório gestual. Afinal, a ideia de uma cidade como "canteiro de obras", notadamente às vésperas de uma corrida eleitoral, é estratégia típica do "juracismo". A isso tudo, porém, Sarto vem combinando uma mudança na sua comunicação política que tem sido interessante de se observar, sobretudo a boa entrada, como já revelou o Datafolha, entre segmentos mais jovens do eleitorado. Se vai funcionar como discurso na campanha, são outros quinhentos. Mas o plano a fim de assegurar um novo mandato está esboçado: para enfrentar adversários dotados de mais recursos a partir de uma posição mais frágil do que a de 2020, quando era o nome consagrado por uma grande aliança, o prefeito está coalhando Fortaleza de placas.

Luizianne já "despacha" em Caucaia

Ex-prefeita e deputada federal, Luizianne Lins está cada vez mais empenhada na campanha do aliado Waldemir Catanho à Prefeitura de Caucaia. Ex-titular da Secretaria da Articulação do governo de Elmano de Freitas, o petista tem se valido da experiência de LL para obter sucesso na briga eleitoral do município da Região Metropolitana. Enquanto opera para que Catanho avance, a parlamentar comanda simultaneamente reuniões do seu grupo político, o "campo de esquerda", que se encontra em meados de julho para definir com mais precisão a linha que essa ala do PT deve adotar durante o pleito na Capital: se de fato os apoiadores de LL vão deliberar pessoalmente sobre a adesão a Evandro Leitão ou se o bloco deve assumir uma postura coletivamente.

Elmano e o "respiro" na segurança

Entre aliados do Abolição, a impressão é de que o pior da crise na segurança pública no Estado está passando, com aquela pressão se reduzindo progressivamente, mas não a ponto de deixar o time de guarda baixa. Nesse sentido, novas medidas estão no radar do secretário Roberto Sá, cuja gestão completou um mês na última quarta-feira, 3. De lá para cá, Elmano começou a se dedicar quase que integralmente a essa agenda, vital para mais de 40% do eleitorado de Fortaleza, como mostrou o Datafolha contratado pelo O POVO e divulgado na semana anterior. Trata-se de um divisor de águas sobre como o tema era tratado no Governo: antes, com o chefe do Executivo mantido a uma distância segura da repercussão de episódios de violência e da escalada de índices negativos nesse âmbito; e agora, com o petista mergulhando na resolução do quadro conflitivo.

Eleição sem "padrinhos"

Seja no entorno de Capitão Wagner (União Brasil) ou no de Roberto Cláudio (PDT), a expectativa é de que a queda de braço pela sucessão em Fortaleza se dê noutros termos em relação a apoios de peso a seus respectivos candidatos. Sem que os chamados "padrinhos" exerçam tanta ascendência na canalização de votos, o cenário projetado por esses setores é de uma peleja com alguma paridade de armas. Ainda de acordo com o Datafolha, o ministro Camilo Santana somou 31% de potencial de influência positiva, ou seja, aqueles que tenderiam a escolher um postulante indicado por ele. Já Luiz Inácio Lula da Silva contabilizou 30% e RC, 24% - os três surgem então empatados tecnicamente.

 

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