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Sarto aposta no perfil "zoeiro"
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Sarto aposta no perfil "zoeiro"

Prefeito José Sarto retorna ao Paço depois das férias apostando na estratégia de mostrar um perfil mais descontraído e "descolado" para sua campanha eleitoral
Tipo Análise
Presença
Foto: FERNANDA BARROS Presença "descolada" do prefeito José Sarto em eventos na periferia

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"Recapeado" depois das férias de uma semana, o prefeito José Sarto (PDT) retoma o Paço hoje sob ritmo de campanha, com intensa presença nas redes e um cardápio variado de obras a apresentar aos fortalezenses. Se terá tempo e meios para levar a estratégia adiante, são outros quinhentos. O pedetista, contudo, não está parado. A par dos números do Datafolha sobre recorte do eleitorado majoritário de cada concorrente, começou a explorar com mais empenho uma persona "moleque", digamos assim - naquela acepção mais cearense do termo, do cultivo desabusado da graça. Nesse sentido, o chefe do Executivo busca se contrapor ao perfil de Evandro Leitão (PT), ou seja, o de nome mais ligado a uma certa elite da Capital. Daí a frequência de visitas do prefeito a feiras e outros eventos gastro-esportivos de grande aglomeração, onde se deixa flagrar comendo milho ou espetinho. Nada casual: tudo sob medida para compor a "skin" de Sarto zoeiro, aposta do seu entorno para suavizar a imagem do gestor e consolidar influência entre os mais jovens, segmento no qual só perde para Capitão Wagner (União Brasil).

Cerco a Bolsonaro afeta eleições

O ex-presidente Jair Bolsonaro está sob cerco, e não é descabido cogitar sua prisão, antes ou depois da disputa eleitoral. Caso se dê até outubro, o estrago para o conjunto de candidaturas aliadas, entre as quais a do deputado federal André Fernandes (PL), é considerável, principalmente depois da convergência de investigações então em andamento. É que aos poucos esses processos expõem uma rede delituosa - um estado de total delinquência -, seja para fraudar cartões vacinais ou para roubar joias, seja para monitorar a cúpula dos Três Poderes ou para tentar embaraçar o pleito de 2022, operando uma conspirata contra a ordem democrática.

 Jair Bolsonaro (PL), o ex-presidente no alvo das investigações(Foto: Evaristo Sa / AFP)
Foto: Evaristo Sa / AFP Jair Bolsonaro (PL), o ex-presidente no alvo das investigações

Um novelo de crimes

Desenrolado todo o novelo de crimes, fica mais difícil para o ex-mandatário fazer prosperar a tese de perseguição política. O quadro de desconcerto e atordoamento de sua base de apoio nas redes é o primeiro sinal de que as denúncias se avolumam num nível crítico, já fora de qualquer patamar administrável e numa velocidade que dificulta a produção de contranarrativas capazes de amortecer os ataques. Resumo da ópera: Bolsonaro não está apenas nas cordas. Está acuado, à espera do golpe certeiro. E isso, certamente, deve ter repercussões no quadro eleitoral em todo o País.

Cearense é um dos alvos da PF

Integrante do chamado "gabinete do ódio", núcleo que disseminava mentiras nas redes sociais instalado no governo de Bolsonaro, o cearense José Matheus Sales Gomes foi alvo de mandado de busca executado ontem pela PF. Um dos membros da linha de frente dessa célula recrutada por Carlos Bolsonaro, Gomes atuava ao lado de outros influenciadores. A operação da PF mirou em ex-auxiliares do deputado e pré-candidato à Prefeitura do Rio Alexandre Ramagem, que tocou a Abin durante o mandato de Bolsonaro. Com o fim da gestão, Sales Gomes passou a fazer parte da equipe de Ramagem em Brasília. Em série de reportagens ainda em 2020, O POVO revelou o papel dos cearenses que compunham esse bloco.

Convenções à vista

A pouco mais de uma semana do período de convenções partidárias, há ainda muitas lacunas no cenário eleitoral. Primeiro, as vices. Entre os nomes mais competitivos, nenhum fechou com uma companheira de chapa. Segundo: candidaturas. Embora tudo pareça estável, alguns postulantes (Eduardo Girão, Fernandes e Wagner) não descartam entendimento já no 1º turno. Outra variável é o papel de Ciro Gomes (PDT) na campanha à reeleição de José Sarto.

 

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