Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
O secretário Roberto Sá reconheceu a existência de grupos criminosos, mas disse que o Governo tem feito forte investimento para endurecer estratégias de enfrentamento à criminalidade
Foto: FCO FONTENELE
Fortaleza, CE, BR 31.07.24 - Debates do O POVO com a presença do Secretario de Segurança Pública e Defesa Social Roberto Cesário de Sá (FCO FONTENELE / O POVO)
Titular da Secretaria da Segurança Pública do Estado há dois meses, o delegado federal Roberto Sá rebateu ontem, em entrevista ao programa Debates do Povo, da rádio O POVO CBN, as críticas disparadas pelo prefeito José Sarto (PDT) durante convenção partidária no último fim de semana. No evento que o homologou como candidato à reeleição, o chefe do Executivo afirmou que o núcleo decisório de uma facção criminosa de São Paulo havia se transferido para o Ceará por negligência da gestão de Elmano de Freitas (PT). Ao O POVO, Sá ironizou: "Ele certamente tem informações que devem subsidiar a sua fala". Em seguida, todavia, o secretário declarou que "o fato é que a gente reconhece a existência desses grupos criminosos" e que o Abolição, desde sua chegada para substituir Samuel Elânio no cargo, tem aportado recursos orçamentários em grande volume para endurecer as estratégias de enfrentamento à criminalidade. Já quanto às acusações de Ciro Gomes, para quem os presídios no Ceará foram loteados entre facções, o comandante da SSPDS sustentou: "Quem controla o presídio é o Estado", acrescentando que a "presença deles (bandidos) é inegável".
Criminalidade fora do "razoável"
Mais habilidoso com as palavras, Sá evitou cometer o mesmo erro do antecessor, segundo quem a violência no estado, embora num nível altíssimo, lhe parecia então razoável. Dias depois, Elânio cairia do posto na esteira de uma crise política que municiou a oposição às portas de uma disputa eleitoral. Questionado ontem sobre como classificaria o degrau atual de criminalidade, o secretário respondeu: "O número é elevado, e aqui (no Ceará) está num patamar mais elevado ainda. Vamos trabalhar para desacelerar esse crescimento e para reduzir essa taxa de mortes". De acordo com ele, esse cenário se deve a um "conflito sangrento" entre organizações, configurando "quadro de instabilidade" provocado pela "chegada de novos grupos e dissidência de dois desses grupos".
Evandro amplia chances com PSD
Às vésperas da convenção que o oficializará como candidato à Prefeitura, Evandro soube manejar bem o posto de vice na chapa para alargar seu campo de possibilidades de chegar ao segundo turno da corrida eleitoral. Dos nomes mais competitivos que pleiteiam o Paço neste ano, o petista foi o único até aqui a produzir fato "novo" - leia-se, a apresentar para a vaga uma atriz política (a deputada estadual Gabriella Aguiar, do PSD) que parece agregar concretamente predicados ao cabeça da composição, sem repetir dobradinha nem se insular na hipótese de chapa-pura. A dúvida, agora, é como devem se portar Capitão Wagner (União Brasil) e André Fernandes (PL): se irão se limitar a aliados do próprio espectro político ou se vão tentar estender as fronteiras de suas candidaturas, potencializando suas chances.
Maduro, Lula e Bolsonaro
O presidente Lula quebrou silêncio sobre o processo eleitoral na Venezuela, em relação ao qual disse que se tratava de algo normal, sem "nada de grave". A fala do líder da nação é uma espécie de "negacionismo democrático", ou seja, rejeição a um fato de fácil verificação cuja existência contraria crenças arraigadas. Com mais de 10 mortos e centenas de feridos, além de opositores detidos e expulsão de embaixadores, não há normalidade na Caracas pós-eleições. Tampouco houve "jornada pacífica" na escolha de candidato, como justificou nota do PT, mas um pleito viciado e repleto de indícios de fraude, ao fim do qual o ditador Nicolás Maduro se autoproclamou reeleito - algo que habitava os sonhos dourados de Jair Bolsonaro (autogolpe mediante ataque às urnas com auxílio de militares e sabotagem da oposição).
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