Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Em artigo, professor discute a escolha de Alcyvania Pinheiro para candidata a vice de André Fernandes. Ela é membro da Comunidade Católica Shalom desde o final dos anos 1980, consagrada na comunidade de aliança
Emanuel Freitas, cientista político e professor da Uece
A noite da quinta-feira movimentou a política cearense com a notícia da escolha do nome da vice na chapa de André Fernandes (PL): em alguns textos, a referência era à “advogada”, em outros à “apresentadora” e em outros à “membro do Shalom”; os qualificativos punham em segundo plano o nome em questão: Alcyvania Pinheiro.
Numa só tacada, André: 1 - selava uma “chapa pura”, performatizando a ideia de não-pactuação com a política de “conchavos e alianças”, permitindo-lhe levar a cabo uma campanha mais ideologizada (o que, caso vá ao segundo turno, o forçará a incorporar a agenda dos derrotados em vistas a apoio); 2 - contemplava a agenda contemporânea do “protagonismo feminino” (ideologia de gênero?), juntando-se a Evandro e Girão na seara das candidaturas com vices femininas; 3 - neto e filho de pastor, junta os católicos carismáticos, em especial os da Shalom (bons de comunicação), ao seu time, dando uma roupagem “jovem” à sua candidatura; 4 - radicaliza sua identidade com o espectro do bolsonarismo.
Alcyvania é membro da Comunidade Católica Shalom desde o final dos anos 1980, consagrada na comunidade de aliança. Com vasta experiência profissional, inclusive no campo da gestão pública, possui qualificativos que lhe permitem acionar várias imagens: mulher, mãe, cristã católica, profissional liberal, comunicadora, conservadora e por aí vai.
Sua comunidade possui relação não tão longeva com a política: tudo começou em 2004, com a eleição de Fátima Leite, a “voz da misericórdia”, para a Câmara Municipal (mesmo a contragosto das autoridades comunitárias); em 2008 e 2012 dobraram-se as apostas e lançaram mais candidatos, que não obtiveram êxito, até voltar em 2016, com Jorge Pinheiro, irmão de Alcyvania.
Na Assembleia, fizeram-se presentes entre 2015 e 2018 com o mandato de Carlos Mattos. As homilias de padre Antonio Furtado costumam ter forte viés politizado, especialmente em anos eleitorais, como é 2024.
“Shalom” significa, em hebraico, “paz”; por isso, os membros da comunidade se intitulam “shalomitas”, os “pacificados”. Será essa a função da vice na chapa de André; ou seja, Alcyvania exercerá a função de “pacificação”/moderação da chapa que tem à frente um deputado que se jacta de sua postura aguerrida e disruptiva?
A chapa, assim, será mais bolsonarista ou shalomita? Além disso, assistiremos à entrada definitiva da Shalom na política eleitoral e como um dos braços do bolsonarismo local?
Política como cenário. Políticos como personagens. Jornalismo como palco. Na minha coluna tudo isso está em movimento. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.