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Camilo vai mergulhar na campanha de Evandro
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Camilo vai mergulhar na campanha de Evandro

Algo teria levado o ex-governador a alterar seus planos iniciais. Mas o quê?
Tipo Opinião
FORTALEZA-CE, BRASIL, 24-08-2024: Inauguração do comitê do candidato à prefeitura, Evandro Leitão (PT). Na foto,  o candidato à prefeitura, Evandro Leitão (PT), e o senador, Camilo Santana. (Foto: Fernanda Barros/O Povo) (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FORTALEZA-CE, BRASIL, 24-08-2024: Inauguração do comitê do candidato à prefeitura, Evandro Leitão (PT). Na foto, o candidato à prefeitura, Evandro Leitão (PT), e o senador, Camilo Santana. (Foto: Fernanda Barros/O Povo)

Uma semana e uma rodada do Datafolha depois do início da campanha em Fortaleza, o ministro Camilo Santana prometeu se afastar do MEC para mergulhar na candidatura de Evandro Leitão (PT) ao Paço. A declaração requer leitura menos aligeirada. Primeiro, o anúncio, feito em evento de inauguração de comitê, ganhou ares de excepcionalidade, o que, se levado ao pé da letra, pode significar que talvez Camilo considerasse administrar sua participação ao lado do presidente da Assembleia como já vinha fazendo, ou seja, entre as obrigações da agenda de chefe da Educação. Algo, contudo, teria levado o ex-governador a alterar seus planos iniciais. Mas o quê? O crescimento de Evandro em proporção mais acanhada nas pesquisas? A projeção de embate mais duro com André Fernandes (PL) e Capitão Wagner (União)? Ou a queda na rejeição de José Sarto, que recupera terreno na tentativa de se reeleger? Talvez tudo isso somado. Do contrário, o ministro não trataria sua dedicação exclusiva ao cenário local como notícia a se comunicar no seu quartel general - não na Avenida da Universidade, como era costume na sigla em tempos idos, mas na Washington Soares.

O ministro entra em cena

Há outro subtexto na sinalização de Camilo sobre sua entrada na corrida: o fator Roberto Cláudio (PDT). Principal cabo eleitoral de Sarto, o ex-prefeito vem cumprindo papel de protagonista na campanha do atual gestor, a quem pretende ajudar a renovar mandato. Seja nas peças de propaganda, nas quais surge fazendo dobradinha pelas calçadas de piso intertravado, seja nos debates públicos, o antecessor opera no ataque do time do chefe do Executivo, exercendo função que só encontraria semelhança em Camilo, que se mantém dividido entre as tarefas de ministro e as demandas do pleito. Com a liberação do MEC, todavia, o petista e o ex-aliado passam a duelar não somente por meio de seus candidatos, mas diretamente, buscando influir na pavimentação da vitória de seus pupilos nessa reedição da briga de 2022.

Trunfos dos candidatos no debate

Quais as principais armas dos candidatos à Prefeitura de Fortaleza para o debate promovido pelo O POVO amanhã? Wagner chega em posição mais confortável após série de pesquisas mostrarem-no na liderança, mas tem o desafio de calibrar a disputa com Fernandes, cujo eleitorado pode ajudá-lo num eventual 2º turno. Sarto, por sua vez, deve repetir o figurino de oposicionista contra Evandro, priorizando temas espinhosos, tais como a segurança. Já Fernandes tende a insistir no esforço de se mostrar preparado para gerir uma cidade complexa como Fortaleza, a despeito de certo vazio de propostas de seu programa. Evandro, por seu turno, pode apostar numa defesa mais enfática contra as críticas de Sarto, sem dar margem para que uma postura tatibitate acabe rendendo cortes desfavoráveis a serem explorados nas redes.

Jogo da sucessão

A última semana de agosto demarca o fim de uma primeira etapa da campanha. Nela, os recursos financeiros ainda aportam aos bocados nos caixas, não há propaganda eleitoral nem inserções de rádio e TV bombardeando o eleitorado dia e noite e as equipes dos postulantes fazem ajustes na elaboração das suas estratégias de partida. Até o dia 30/8, porém, com o fundo especial já tendo despejado quase R$ 18 milhões em três candidaturas até aqui (R$ 7 mi em Wagner, R$ 7,5 mi em Sarto e R$ 3,35 mi em Evandro), a tendência é de que essa gangorra concorrencial se torne mais acirrada. É quando a peleja pelo Paço começa para valer, com um esboço dos acertos e erros no desempenho de cada participante do jogo da sucessão.

 

Foto do Henrique Araújo

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