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O fator Camilo na campanha de Evandro
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

O fator Camilo na campanha de Evandro

Ex-governador, Camilo Santana aposta na capital cearense suas fichas para 2024 e 2026, quando Elmano de Freitas pode tentar renovar o mandato. O petista promete dedicação exclusiva a partir de meados de setembro
Tipo Análise
CAMILO Santana entrou de vez na campanha de Evandro Leitão (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA CAMILO Santana entrou de vez na campanha de Evandro Leitão

O ministro Camilo Santana (Educação) entrou de vez na campanha de Evandro Leitão (PT) à Prefeitura de Fortaleza. Ex-governador, o petista aposta na capital cearense suas fichas para 2024 e 2026, quando Elmano de Freitas pode tentar renovar o mandato. Daí o investimento pessoal de Camilo no candidato ao Paço, refletindo-se na agenda intensa de fim de semana, mas sob promessa de dedicação exclusiva a partir de meados de setembro. Trata-se de encruzilhada na transição de ciclos de poder no Ceará. Para se consolidar como grande liderança, resta a Camilo apenas o feito de fazer de um aliado o gestor da cidade, impondo derrota a Roberto Cláudio e José Sarto, do PDT, legenda da qual era parceiro. Hoje, passados dois anos desde o racha, o ministro até se permite dizer que o prefeito foi "ausente", esquecendo-se de admitir que, a se considerar a avaliação como certa, parte da responsabilidade seria do ex-governador, que o apoiou por metade da gestão e de quem só se afastou em meio ao rearranjo de interesses nacionais.

O peso de Cid em Fortaleza

O senador Cid Gomes (PSB) deve estrear ao lado de Evandro em atividade programada para hoje, dia 2. A se confirmar a sua presença, terá sido a reentrada em cena de um personagem cujo recolhimento foi determinante para a vitória de Elmano na corrida ao Governo. Naquele ano de 2022, não custa lembrar, Cid indispôs-se com o seu partido à época, o PDT, travando queda de braço com Figueiredo, RC e o irmão Ciro Gomes, com direito a lances impetuosos de ambas as partes, ao fim da qual a agremiação, sob comando do parlamentar, acabaria por conceder carta de anuência para que Evandro se desfiliasse da sigla. De lá para cá, já abrigado no PSB, Cid manifestou contrariedade contra candidatura do PT, hipótese classificada por ele como "hegemônica". O petismo, contudo, fez ouvidos moucos às queixas do aliado. Não apenas apresentou representante. Ex-PDT, Evandro acabou por se tornar o nome escolhido para o pleito. Entre abril e setembro, Cid e o neopetista não mantiveram qualquer agenda pública.

O que os candidatos mostram na TV

Qual é a tônica dos aspirantes a prefeito na propaganda eleitoral? Na de Evandro, tem-se o natural pout-pourri de adesões de peso, ou seja, Camilo, Elmano e Lula. Com lote de 5 minutos, o petista vem explorando bem a própria biografia e suas experiências de gestão, com boa legibilidade de propostas e até rapidez na assimilação de ideias de adversários. Já André Fernandes (PL) resolveu "desbolsonarizar" sua campanha, rompendo com o arsenal simbólico a partir do qual se tornou deputado. Nela não se vê uma nesga do verde-amarelo, tampouco o nome do ex-presidente. Capitão Wagner (União Brasil), por sua vez, elegeu como mote a noção de mudança, que, se bem executada, convenceria o eleitorado a deixar de lado os candidatos das máquinas para lhe conceder uma chance. José Sarto (PDT) mantém receituário que o ajudou a se deslocar para um campo de periferia, com adoção de modos vernaculares (gírias das "quebradas") cuja função é situá-lo numa esfera oposta à de Evandro.

A próxima rodada de pesquisas

Com o horário eleitoral em curso, a próxima rodada de pesquisas terá outros peso e sabor para os postulantes. Primeiro, os levantamentos devem aferir a resposta do público aos candidatos. Segundo, o acerto ou erro de estratégias, obrigando uma recalibragem de rota e discurso. Terceiro, elevam a temperatura, seja porque a proporção de crescimento é baixa, seja porque a taxa de decréscimo é alta. É quando a campanha entra na fase do "mata-mata".

 

Foto do Henrique Araújo

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