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Wagner, Sarto, André e Evandro a um mês da votação
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Wagner, Sarto, André e Evandro a um mês da votação

Excetuando-se aqueles cenários destoantes da mediana, é razoável supor que Capitão Wagner (União Brasil), José Sarto (PDT), André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) cheguem ao 6 de outubro sem que nenhum deles tenha aberto vantagem folgada
Tipo Análise
CAPA - ELEICOES 2024-12 (Foto: Adobestock)
Foto: Adobestock CAPA - ELEICOES 2024-12

Contados 30 dias para o pleito, a campanha eleitoral entra agora numa etapa decisiva na qual o tempo vai se esgotando e a margem para qualquer erro se estreita mais ainda. Em Fortaleza, essa condição se acentua em virtude do quádruplo empate técnico mostrado por diferentes pesquisas de intenção de voto, todas convergentes em relação mais a tendências do que a posições propriamente ditas. Excetuando-se aqueles cenários destoantes da mediana, é razoável supor que Capitão Wagner (União Brasil), José Sarto (PDT), André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) cheguem ao 6 de outubro sem que nenhum deles tenha aberto vantagem folgada. Pelo contrário, as chances até aqui pendulam para um quadro no qual esse quarteto duele entre si por frações do eleitorado, numa contenda próxima daquela de 2012, com uma distinção: naquele ano, Elmano de Freitas, Roberto Cláudio e Heitor Férrer compunham o pelotão dianteiro. Em 2024, tem-se número maior de concorrentes com possibilidades de avançar ao 2º turno da disputa. Mais que aberto, o jogo não deve se decidir antes de uma semana da votação, quando talvez as inclinações se cristalizem em voto.

O que os candidatos fizeram

Por ora, cada postulante tem recorrido a armas já previstas no início da campanha, sem espaço para surpresas. Já se sabia então, por exemplo, que Wagner iria explorar a passagem por Maracanaú, que Sarto apelaria a um sentimento de mudança e tentaria compensar o pouco tempo de TV e rádio com uma estratégia para as redes, que Fernandes atrelaria sua imagem à de Jair Bolsonaro e que Evandro replicaria o arsenal petista que alçou Elmano ao Governo em 2022, ou seja, a colagem do candidato ao rosto de Camilo Santana e ao do presidente Lula. Tudo isso estava precificado. O que talvez tenha se revelado menos previsível foi o contorcionismo do representante do PL para evitar o desgaste de se associar a Bolsonaro na televisão. Fora isso, os concorrentes seguem por cartilha sem muita engenhosidade, guiando-se pela lógica das redes e tentando a todo custo extrair ganhos seja lá do que for.

Evandro veste vermelho

Esse é, a propósito, um dos elementos deflagradores da nova fase na qual a corrida eleitoral mergulha. A adoção do vermelho por Evandro sinaliza para a militância petista, ainda relutante em se entregar de corpo e alma a sua candidatura. Não é que haja dúvida sobre a necessidade de eleger um nome do partido, mas falta, conforme alguns filiados, entusiasmo para sair às ruas e pedir voto. Quem sabe esse sentimento se expresse num 2º turno - convém lembrar somente que, antes do segundo, há sempre o 1º turno. De todo modo, Evandro parece estar empenhado em fazer sua parte nessa briga que se trava no campo simbólico, deixando de lado o figurino "camilista" e se metamorfoseando em petista-raiz.

A propaganda e o mundo real

Outra marca da campanha na TV e no rádio, por enquanto, é um certo distanciamento do dia a dia, sem que as propostas nem seus formuladores se dediquem de fato aos problemas mais urgentes de Fortaleza. Daí o festival de "copia e cola", sobre o qual já falei e que converte os aspirantes ao Paço em produtos cuja grande diferença se nota apenas pelo rótulo na embalagem. Com a disputa entrando pela segunda semana desde o início da propaganda, é natural esperar que os candidatos tratem do que interessa, mantendo-se mais aderentes ao que incide diretamente no bem-estar das pessoas - como melhorar o transporte e o ensino, o que fazer para recuperar o Centro, como assegurar balneabilidade de praias, recuperar o entorno das lagoas da cidade e por aí vai.

 

Foto do Henrique Araújo

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