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Pesquisa cristaliza polarização entre Evandro e André
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Pesquisa cristaliza polarização entre Evandro e André

O fato é que, a preço de agora, existem boas razões para supor que André e Evandro estejam liderando a corrida pelo Paço dentro de uma semana e meia
Tipo Análise
CANDIDATOS André Fernandes (PL), Evandro Leitão (PT), José Sarto (PDT) e Capitão Wagner (União Brasil) (Foto: Aurélio Alves/O POVO / FCO Fontenele/O POVO)
Foto: Aurélio Alves/O POVO / FCO Fontenele/O POVO CANDIDATOS André Fernandes (PL), Evandro Leitão (PT), José Sarto (PDT) e Capitão Wagner (União Brasil)

Há dois movimentos concomitantes sugeridos pela nova rodada da pesquisa Quaest para a Prefeitura de Fortaleza: um de ascensão, manifestado por Evandro Leitão (PT) e André Fernandes (PL) pós-propaganda; e outro de descenso, na esteira do qual Capitão Wagner (União Brasil) caiu sete pontos e José Sarto (PDT), quatro. Somados, os dois competidores em queda cederam 11 p.p., o que equivale, grosso modo, ao patamar de crescimento da dupla André/Evandro. É cedo ainda para assegurar que o quadro demarca uma tendência tanto de descida quanto de subida, mas os sinais indiciam a polarização entre candidaturas do PL e do PT, ou seja, de aliados de Jair Bolsonaro e de Lula. Isso deve se manter? Não e sim - não se Wagner e Sarto forem bem-sucedidos em deter esse fluxo, e sim caso não tenham sucesso nessa empreitada. O fato é que, a preço de agora, existem boas razões para supor que André e Evandro estejam liderando a corrida pelo Paço dentro de uma semana e meia, considerando-se todas as variáveis, inclusive a margem de erro, que é de três pontos para mais ou para menos.

A melhor estratégia de Wagner

Dias atrás, escrevi que as melhores chances de Wagner contra André se encontram no esforço de dissuadir os eleitores de que o nome do PL é mais competitivo do que o do União Brasil, de maneira que alçar o deputado federal ao 2º turno seria uma aposta de risco com potencial para resultar na vitória seja de Sarto, seja de Evandro. Guardadas as proporções, é algo que Ricardo Nunes (MDB) vem tentando fazer em São Paulo para evitar que Pablo Marçal (PRTB) lhe roube a vaga na etapa seguinte. Ora, cabe a Wagner convencer o fortalezense simpático à agenda conservadora de que André é um jogador sem capacidade de aglutinação de forças contra as máquinas. Não é tarefa das mais simples, mas a sobrevivência do ex-secretário passa por esse rearranjo.

É culpa do Sarto?

Viral nas redes até mesmo entre usuários de fora do Ceará, o jingle de André Fernandes atribui ao prefeito de Fortaleza incumbências pelas quais o pedetista não é diretamente responsável, a exemplo da segurança, salvo num sentido muito amplo do termo. Então, quando se refere a assaltos e outras situações típicas da criminalidade, tratando-os genericamente como "culpa do Sarto", o candidato do PL alarga o escopo de atuação do chefe do Executivo. É claro que, caso se queira, pode-se jogar no colo do aspirante à reeleição a péssima qualidade do pavimento e a cobrança da taxa do lixo, mas não apontá-lo como aquele sobre quem devem recair cobranças em relação ao enfrentamento da violência, tarefa cuja execução compete ao governador e ao presidente - que, apenas dois anos atrás, era Bolsonaro, sem que nada nessa realidade agora denunciada por Fernandes tenha se alterado.

Propostas despropositadas

Entre candidatos ao Paço, há aqueles cujas proposições certamente merecem lugar de honra no recém-aberto Festival de Propostas Despropositadas que Assolam Fortaleza (FPDAFor). Uma delas é essa que prevê a democratização do toboágua, prometendo um parque aquático por cada região de uma cidade ainda carente de escolas e postos de saúde e cujas ruas e avenidas estão às escuras. Outro disparate é esse que pretende aformosear a Capital para que assuma ares "dubaisianos" - é possível que quem a tenha sugerido mal conheça Dubai, tampouco Fortaleza. Por fim, correndo por fora, acham-se aquelas do tipo "old but gold", requentadas a cada pleito e sempre prontas a serem apresentadas como um prodigioso triunfo da inteligência a fim de preencher qualquer vácuo propositivo, tais como as da polícia municipal e das escolas cívico-militares.

 

Foto do Henrique Araújo

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