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Evandro e Wagner disputam legado de Luizianne
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Evandro e Wagner disputam legado de Luizianne

Sem a parlamentar na campanha de Evandro Leitão, Wagner acena para o eleitorado "luiziannista"
Tipo Análise
A deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (Foto: Guilherme Gonsalves /O POVO)
Foto: Guilherme Gonsalves /O POVO A deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins

À medida que a corrida pela Prefeitura de Fortaleza se estreita, Capitão Wagner (União Brasil) e Evandro Leitão (PT) passam a concorrer pelo legado da deputada federal e ex-prefeita Luizianne Lins (PT), que, mesmo correligionária do petista, tem se mantido afastada do pleito local. Ante o desgaste que a escolha interna do PT acabou por produzir, com Evandro impondo derrota a LL, Wagner começou a acenar para o eleitorado "luiziannista" que saiu contrariado do processo. Na sua propaganda, por exemplo, fez menção à rede de Cucas, a qual pretende ampliar, e ao Hospital da Mulher, vitrine da campanha pela reeleição da então gestora. Enquanto isso, Evandro guardava silêncio, referindo-se à colega de partido apenas quando indagado se LL se juntaria a sua candidatura – fato até agora não registrado. Sem a parlamentar em campo, contudo, o deputado estadual resolveu agora descruzar os braços, agendando para hoje um ato cujo convite é simbólico: "O Hospital da Mulher é coisa nossa" – mas sem deixar claro se a alusão à posse se estende a LL, em especial, ou a uma propriedade genérica atribuída pelo candidato ao PT. Ou seja, se o "nosso" na frase é empregado nesse sentido mais difuso, de maneira a apagar inclusive a autoria da obra e a imagem da ex-prefeita.

Expectativa para o Datafolha

A nova rodada do Datafolha contratada e divulgada hoje pelo O POVO é a primeira desde o início da propaganda eleitoral, captando, portanto, o impacto dos cinco minutos de tempo de Evandro contra as fatias mais minguadas de seus adversários, a saber: André Fernandes (PL), José Sarto (PDT) e Wagner, os nomes mais competitivos na briga. Na pesquisa anterior, apresentada em 22/8, o petista marcava 10%, contra 29% de Wagner, 23% de Sarto e 16% de André. A dúvida é se o levantamento deve confirmar o quadro de polarização entre os representantes de PL e PT neste 1º turno. Convém observar também outras variáveis, tais como o grau de oscilação ou de crescimento/decréscimo de Wagner e Sarto, se houver.

André Fernandes é o alvo

As sondagens de voto mais recentes devem levar a um deslocamento das peças no tabuleiro. Um deles diz respeito a Wagner, que tem de recalibrar as estratégias, sob pena de estar fora do 2º turno. Outro que precisa refazer cálculos é Sarto, a quem deveria interessar sobretudo desgastar André Fernandes, jogador mais vulnerável do que Evandro a investidas e outras táticas de erosão de popularidade. À guisa de exemplo, veja-se o caso de Pablo Marçal (PRTB), cujo capital está se erodindo depois de uma campanha cerrada de seus oponentes. Para Wagner e Sarto, então, não há dúvida de que o caminho mais curto para avançarem à próxima fase da eleição é direcionando sua artilharia prioritariamente a André, como fez Ricardo Nunes (MDB) contra Marçal.

Evandro lá e Lula cá

Candidato do PT, Evandro fez saber que viajaria a Brasília para estar com Lula, cujo apoio numa cidade como Fortaleza é certamente importante, mas não decisivo. De todo modo, o presidente da Assembleia parece apostar todas as suas fichas nesse alinhamento, explorando à exaustão a fusão de imagens, às quais se acrescenta a de Camilo Santana, que completa a trindade na qual o neopetista busca sistematicamente se amparar já neste 1º turno. O objetivo, como se viu ontem pelas redes do postulante, é extrair ganhos de cada mínima oportunidade de associação entre os nomes dos "padrinhos" e o seu, ainda que não haja qualquer excepcionalidade na agenda além do fato de que Evandro e Lula estão lado a lado.

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