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Camilo mergulha na campanha de Evandro
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Camilo mergulha na campanha de Evandro

A pouco mais de 15 dias da votação, o ex-governador investe alto na disputa local, da qual depende seu projeto para 2026
Tipo Análise
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MINISTRO da Educação Camilo Santana vai tirar férias para entrar na campanha em Fortaleza (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal MINISTRO da Educação Camilo Santana vai tirar férias para entrar na campanha em Fortaleza

De férias marcadas, o ministro Camilo Santana (Educação) vai emendar agenda prevista para hoje com o período longe do MEC, de modo a se dedicar sobretudo à campanha de Evandro Leitão (PT) na reta final da corrida pela Prefeitura de Fortaleza. A pouco mais de 15 dias da votação, o ex-governador investe alto na disputa local, da qual depende seu projeto para 2026, seja o de reeleger Elmano de Freitas, seja o de se viabilizar como cotado para eventualmente entrar na fila de presidenciáveis. Tudo passa pela capital cearense e pela hipótese de sucesso de Evandro como concorrente à sucessão de José Sarto (PDT). Dos quatro principais postulantes, o deputado estadual é o único cuja estratégia se manteve basicamente a mesma desde o início da briga pelo voto. Daí que faça parte da manutenção da previsibilidade a aposta, que ora se confunde com expectativa e mesmo desejo, em que André Fernandes (PL) seja o adversário num 2º turno. Há mostras de sobra das razões pelas quais o time do petista considera o deputado federal um oponente ideal, contra o qual os discursos estão previamente embalados. Falta apenas combinar com os russos.

O bloco da polarização I

A esse propósito, Elmano reforçou ontem a leitura segundo a qual essas faixas do eleitorado estariam consolidadas na cidade. De um lado, o petismo, encabeçado por Evandro (amparado por Camilo e Lula); do outro, Fernandes, candidato bolsonarista cuja propaganda televisiva tem escamoteado o verde-amarelo e as bandeiras do ex-presidente, nessa tentativa de fazer crer a um votante mais alheado que sua campanha se deve mais ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) do que ao próprio Bolsonaro - tática empregada também por Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo, ou seja, ambos entenderam que se associar à imagem do governador paulista hoje rende mais dividendos do que se vincular ao ex-chefe do Planalto.

O bloco da polarização II

Não surpreende, então, que Elmano seja mais um a engrossar o coro desse dualismo político, que, a se confirmar, facilita o jogo de identificações mútuas para os dois grupos. A diferença é que, a preço de agora, Fernandes parece ter aprendido com os erros de Bolsonaro em 2022, mostrando-se mais preparado para evitar cascas de banana. Ciente da toxicidade do ex e mesmo da própria, por exemplo, incorpora um personagem distanciado daquele Fernandes ideológico, emulando a gramática do gestor técnico sem sê-lo, enquanto busca se afastar do passado de youtuber desatinado, delimitando-o a um recorte geracional, e do presente de parlamentar cujas energias se voltavam prioritariamente para causas mais nocivas do que supõe qualquer vão barbeador.

A nova tática de Wagner

Desde o início da semana, Capitão Wagner (União Brasil) abriu fogo cerrado contra Fernandes, mas a opção adotada impõe alguns cuidados, de maneira a não afastar o eleitor conservador de sua candidatura - por isso a ênfase do novo slogan, "não basta ser de direita, tem que ser direito", frase cujo destinatário principal é o ex-aliado. No debate mais recente, o da TV Otimista, Wagner foi ao limite desse equilibrismo ao criticar em termos duros o nome do PL, mas sem assumir diretamente a primeira pessoa desse discurso. Pelo contrário, o ex-secretário de Saúde sugeriu que o PT, e não o União Brasil, usará cada um desses elementos como alvos de seus ataques (a suposta imaturidade de Fernandes, entre outros exemplos) para desconstruí-lo num possível 2º turno.

 

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