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Camilo tenta alavancar Evandro
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Camilo tenta alavancar Evandro

O ministro Camilo Santana (Educação) entra em campo a partir de hoje para tentar assegurar que o crescimento demonstrado por Evandro Leitão (PT) nas pesquisas se mantenha até 6/10, quando o eleitor transforma em ato aquilo que era tão somente intenção
EVANDRO participou de ato com Gabriella Aguiar e Camilo no comitê, no bairro Luciano Cavalcante (Foto: Taynara Lima/O POVO)
Foto: Taynara Lima/O POVO EVANDRO participou de ato com Gabriella Aguiar e Camilo no comitê, no bairro Luciano Cavalcante

O ministro Camilo Santana (Educação) entra em campo a partir de hoje para tentar assegurar que o crescimento demonstrado por Evandro Leitão (PT) nas pesquisas se mantenha até 6/10, quando o eleitor transforma em ato aquilo que era tão somente intenção. Antes disso, tudo é hipótese, por mais consistente que seja. A mera dedicação do ex-governador ao quadro local, provisoriamente afastado do MEC, sugere que a briga pela Prefeitura está longe de um passeio no parque, ou seja, há variáveis que podem complicar os planos do petismo. Uma delas diz respeito ao súbito protagonismo que a batalha entre Capitão Wagner (União Brasil) e André Fernandes (PL) vem tendo até aqui, com holofotes voltados para a disputa intestina no campo da direita, mas cujos efeitos podem acabar por se refletir no desenho geral do pleito. Embora improvável, essa queda de braço entre ex-aliados teria condições de favorecê-los em igual medida, sem que um dos dois necessariamente desidrate. Ressalte-se que, no último Datafolha, Wagner ainda se segurava na segunda colocação, mesmo em descenso. De lá para cá, sua postura mudou drasticamente, a ponto de a propaganda apresentá-lo como anti-Fernandes, ressituando-o no tabuleiro.

Nem moderado nem antissistema

André Fernandes tem investido (e sido bem-sucedido) numa retórica por meio da qual desempenha papel com figurino de político moderado e antissistema, apesar do histórico de beligerância desde o exercício de seus mandatos e do perfil de sua campanha, amparada por uma grande legenda (o PL de Valdemar da Costa Neto), com somas consideráveis de recursos públicos injetados (R$ 11,7 milhões, apenas em repasses do fundo especial). Afora isso, Fernandes é produto da conversão do capital de influência nas redes, sucessivamente traduzido em votos, resultando num excedente capaz de eleger o próprio pai (também pastor) como deputado estadual no Ceará - nada mais velho e aderente ao status quo do que a formação de família política nos moldes de qualquer clã, dos Ferreira Gomes aos Aguiar. Nisso tudo, então, incluindo-se sua conduta à época da pandemia e seu vínculo com a intentona golpista do 8 de janeiro, não se verá nem traço remoto de um espírito de tolerância - tampouco de um caráter "antissistema".

Maratona de pesquisas

A semana que começa é marcada por uma maratona de pesquisas, entre as quais está a nova rodada do Datafolha. Mais que aferição do humor dos fortalezenses às vésperas da eleição, as sondagens provocam reações ambivalentes, seja de ânimo, seja de contrariedade. Por exemplo: num candidato cujo potencial de reter aliados já esteja sob desconfiança mal dissimulada, uma série de resultados ruins pode cristalizar o receio de que o barco está prestes a afundar. Nessas ocasiões, como se sabe, opera-se o "efeito Titanic", com a tripulação (leia-se, os pretendentes a vereador) batendo em retirada. Eis o lado ruim para os aspirantes ao Paço: não performar tão bem nos levantamentos, de modo que seus adesivos começam magicamente a desaparecer das esquinas, evitados como sinal de mau agouro.

Luizianne ainda longe

Ex-prefeita da capital cearense e deputada federal, Luizianne Lins (PT) tem feito aparições pontuais em Fortaleza, todas mobilizadas por candidaturas aliadas de vereadoras, como Liliane Araújo, cujo nome a petista fez questão de enfatizar em agenda recente. No restante do tempo, a parlamentar participa ativamente do pleito de Caucaia, onde Waldemir Catanho (PT) tenta se viabilizar no Executivo.

 

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