As 48 horas que podem mudar a eleição em Fortaleza
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Foto: Montagem/O POVO
CANDIDATOS a prefeito de Fortaleza, André Fernandes, Evandro Leitão, Capitão Wagner e José Sarto
As últimas 48 horas antes das eleições na capital cearense são decisivas não somente porque a propaganda política se encerrou e os candidatos lançam-se agora numa derradeira investida nas ruas e nas redes, mas porque as estratégias mobilizadas nesta etapa costumam combinar salomonicamente uma dose de desespero e outra de impetuosidade. O resultado é uma blitzkrieg eleitoral cujas chances de sucesso são sempre incertas. Todavia, a depender do alvo, das ações empreendidas e da modulação do discurso, pode fazer a diferença entre estar no 2º turno ou não. Como já se disse, nenhuma distância entre os postulantes mais competitivos em Fortaleza é insanável a esta altura, de acordo com o Datafolha mais recente - amanhã O POVO voltará a divulgar dados do novo levantamento.
A missão de Wagner
Em desvantagem no placar, Capitão Wagner (União Brasil) tende a dobrar a aposta contra André Fernandes (PL), cuja rejeição aumentou, não se sabe se por efeito das críticas do ex-deputado federal ou se porque o eleitorado finalmente está descobrindo a estreita relação entre Fernandes e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), personagem malquisto entre grande número de cearenses. De um modo ou de outro, até a semana passada, a trajetória do representante do PL era vertiginosamente ascendente, movimento interrompido apenas na última rodada do instituto. Se se confirmar oscilação negativa ou até estagnação de Fernandes na véspera do pleito, o quadro da corrida se tornará imponderável. Do contrário, se o retrato revelado for de retomada do crescimento, o nome do PL estará com passaporte assegurado na próxima fase.
Os movimentos de Sarto
Outro concorrente que dedicará todas as energias ao "sprint" final é José Sarto (PDT), que tenta a reeleição. Também em posição desfavorável na briga pelo Paço, o pedetista dispõe, contudo, de mais e melhores instrumentos do que Wagner para acelerar a campanha, seja porque é o chefe do Executivo municipal, seja porque logrou êxito ao evitar a dispersão de sua base de vereadores. Esse fôlego extra de Sarto, se bem direcionado, teria condições, ao menos em tese, de impulsionar o gestor da cidade. O que se pode esperar do prefeito, então, é uma espécie de "onda amarela", reeditando estratégia que ajudou Roberto Cláudio a obter vitória mais de uma década atrás. Um segundo caminho para o trabalhista passa necessariamente pelo uso inteligente dos cortes de trechos do debate de ontem na TV Globo, o último antes da votação. Em resumo, suas principais chances se concentram no manejo calibrado desse canhão digital e da militância de vereadores/candidatos, deslocando-a para reforçar redutos e avançar sobre indecisos.
O pragmatismo de Camilo
Um petista mais graduado, nem "luiziannista" nem "camilista", fez saber que "esse pragmatismo" do ministro da Educação nas eleições de 2024, contrariando inclusive orientações do próprio PT, deve cobrar preço elevado num futuro não tão distante. Trata-se, é claro, de alusão nada cifrada ao caso de Nova Russas, município no qual chegou ao paroxismo esse conflito de interesses entre Camilo Santana e a executiva petista na cidade. Lá, enquanto o PT tem candidato no pleito (apoiado, frise-se, por Lula), o ex-governador endossa outro - não qualquer outro, mas uma pretendente cujas ligações com o bolsonarismo estão cantadas em prosa e verso. Exposta em graus e tons variados noutros arranjos eleitorais Ceará adentro, a "maleabilidade ideológica" do ministro vem causando urticária entre quadros históricos do partido.
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