Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Foto: Reprodução/Instagram Adail Jr
VEREADOR eleito Adail Júnior (PDT) declarou apoio a Evandro Leitão (PT) s
Atrás no placar no 1º turno da disputa pela Prefeitura de Fortaleza, Evandro Leitão (PT) largou na frente na articulação partidária. Trocando em miúdos, o petista tem se movimentado mais, enquanto André Fernandes (PL) se desloca em velocidade baixa, talvez acomodado a uma dianteira numérica que pode facilmente se esfarinhar. Tanto no campo das costuras políticas quanto no da agenda, o aliado de Camilo Santana vem explorando melhor seu tempo de campanha, que é estreito, ou seja, pouco mais de duas semanas. Não se sabe se por conforto ou se por razões estratégicas, a avaliação (inclusive de gente próxima) é de que Fernandes ainda não produziu "fato novo" neste 2º turno, o que é um risco. O representante do PT, por exemplo, desfila com apoiadores recém-chegados (mesmo que previsíveis, tais como Técio Nunes), entre os quais se encontram vereadores do PDT de José Sarto. No âmbito local, o presidente da Assembleia já entendeu que a corrida é de tiro curto, sobretudo para quem deve recuperar terreno como ele, que terminou a fase anterior com 34%, ante os 40% de André. O candidato, todavia, opera também recorrendo às direções nacionais de PDT e União Brasil, como a coluna havia informado ("O fator Brasília na disputa", em 2/10), quando já se mostrava claro que o deputado estadual e o federal iriam ao 2º turno.
PT se aproxima de pedetistas
Desde o domingo (6/10), o nome do PT se reuniu com grupos de pedetistas separadamente: primeiro com vereadores, de quem teria obtido sinalização de apoio de seis dos oito eleitos pelo PDT; e, segundo, com dois dos três deputados estaduais trabalhistas hoje opositores do governador Elmano de Freitas (PT). Deles o postulante petista ouviu promessa de ponderação - nem garantia de adesão, tampouco de engajamento em torno do adversário do PL, o que já seria de bom tamanho se se considerar que a chapa Evandro/Gabriella Aguiar precisa superar, de início, diferença de mais de 80 mil votos. Afora essa blitzkrieg no próprio quintal, o grupo "camilista" aposta numa investida junto às cúpulas dos partidos de Sarto e Capitão Wagner, que encerraram o 1º turno com 11% cada um - um capital agora em disputa. A preço de hoje, o PT se fia nos ministérios que UB e PDT detêm no governo de Lula como ferramenta de convencimento para apoio à legenda em Fortaleza. Trata-se, porém, de engenharia delicada, repleta de arestas no caso do PDT e praticamente inviável no do UB.
Estratégias se nacionalizam
A nacionalização das táticas de André e de Evandro é mostra da centralidade de Fortaleza para um conjunto de forças políticas cujos projetos hoje dependem do controle de uma máquina administrativa importante como a da metrópole cearense. Não à toa, está na mesa de negociação até a sucessão no comando da Câmara, cartada da qual o União Brasil lança mão como condição para se alinhar ao PT contra o PL. Em troca, a recíproca petista seria endossar um quadro da agremiação na Casa - hipótese hoje remota.
PSDB e PDT vão se manter neutros
A tendência no 2º turno é de que PSDB e PDT se mantenham neutros na queda de braço entre André e Evandro, liberando seus filiados para que escolham a quem irão emprestar apoio e declarar voto na nova etapa da peleja. A se confirmar, a postura desobriga Sarto e Wagner de se manifestarem, bastando aos dois que sigam publicamente o indicativo da direção partidária, possivelmente dado a conhecer por meio de nota. Na prática, contudo, a "corrida do ouro" pelos votos dos 3º e 4º colocados já foi deflagrada, ainda que os ex-candidatos tenham silenciado até aqui sobre suas predileções.
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