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Roberto Cláudio desequilibra disputa a favor de André Fernandes
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Roberto Cláudio desequilibra disputa a favor de André Fernandes

O anúncio de apoio de RC e sua efetiva participação na agenda de rua podem acabar por fazer diferença numa queda de braço até então muito equilibrada pelo Executivo municipal
Tipo Análise
O peso do apoio de Roberto Cláudio a André Fernandes (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS O peso do apoio de Roberto Cláudio a André Fernandes

A rodada do Datafolha divulgada ontem pelo O POVO apresenta ao menos duas boas notícias para André Fernandes (PL) na briga pela Prefeitura de Fortaleza contra Evandro Leitão (PT). A primeira é que a entrada do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) na corrida eleitoral fez o eleitorado de José Sarto (11% no 1º turno) pendular do nome petista para o do candidato bolsonarista, potencializando suas chances de sucesso nas urnas no próximo dia 27. Logo, o anúncio de apoio de RC e sua efetiva participação na agenda de rua podem acabar por fazer diferença numa queda de braço até então muito equilibrada pelo Executivo municipal. O segundo aspecto é a estagnação em si do quadro eleitoral, sugerindo cristalização no humor do fortalezense e pouca mobilidade para migrações expressivas, a ponto de ensejar "viradas". Entre as duas sondagens, por exemplo, André se manteve com a mesma vantagem (47% a 45% antes e 45% a 43% agora), ou seja, dois pontos percentuais à frente de Evandro. Nesse intervalo, o presidente Lula visitou a cidade e a ex-prefeita Luizianne Lins (PT) fez aparição no palanque de Evandro.

Evandro sem "munição"?

Disso se conclui preliminarmente que o arsenal mobilizado pelo bloco "camilista" não produziu, por ora, o desagaste que se esperava no representante do PL. A dez dias das eleições, trata-se de alerta preocupante para o PT, sobretudo porque sinaliza para um esgotamento das estratégias empregadas pela agremiação no pleito - que já eram as mesmas do 1º turno, parte das quais, por sua vez, haviam sido requentadas de 2022, num festival de "copia e cola" que começa agora a ressuscitar até bordões da campanha malfadada de Fernando Haddad em 2018. Como agravante, a isso se soma a queda na intenção de voto espontânea do presidente da Assembleia, cedendo 4 pontos percentuais. Em resumo: no geral, a competição está aberta, com ambos os concorrentes com chances concretas de se tornarem perfeito. Isolando-se alguns indicadores, todavia, o horizonte de Evandro se mostra mais acidentado.

PDT em peso na campanha do PL

Os dados do Datafolha revelados ontem também devem precipitar uma adesão ainda mais completa de pedetistas à campanha de André Fernandes, cujo entorno já inclui hoje RC e outros membros do PDT de liderança vital, a exemplo de Gardel Rolim, presidente da Câmara. Mesmo com a ressalva de que tanto o deputado federal André Figueiredo quanto Carlos Lupi se posicionaram a favor de Evandro, a balança continua a favorecer a chapa do PL, principalmente se se considerar que o ministro de Lula não tem votos na Capital e que a adesão de Figueiredo se limitou, por enquanto, ao vídeo gravado ao lado do petista. Noves fora o compromisso com a neutralidade no 2º turno, o fato é que o partido de Brizola abraçou a legenda de Bolsonaro, abrindo um fosso na sigla, cujas partes dificilmente vão se reagrupar no pós-eleição.

Sarto neutro, mas nem tanto

A neutralidade de faz-de-conta do PDT se estende a José Sarto, arrastado para o olho do furacão. Embora não tenha se dado a gestos eloquentes, seja a favor ou contra qualquer um dos candidatos, o prefeito se move à luz do dia para derrotar o PT e Camilo. A demissão de secretários é somente uma fração da história. No QG de André, espera-se inclusive que o chefe do Paço declare voto no PL até a semana que vem. Do mesmo modo, há expectativa pela presença do ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) ao lado do adversário de Evandro - o cálculo feito é apenas se a formalização desses apoios mais ajudaria ou atrapalharia.

 

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