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O que pode mudar na disputa em Fortaleza
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

O que pode mudar na disputa em Fortaleza

Há movimentos em curso na disputa pela Prefeitura de Fortaleza que podem resultar em alterações do quadro suficientes para se refletir no resultado final
Tipo Opinião
O primeiro debate do segundo turno para as eleições de Fortaleza, realizado na noite dessa segunda-feira, 14, pela TV Bandeirantes, foi marcado por ataques entre André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) (Foto: Reprodução/Youtube Band Ceará)
Foto: Reprodução/Youtube Band Ceará O primeiro debate do segundo turno para as eleições de Fortaleza, realizado na noite dessa segunda-feira, 14, pela TV Bandeirantes, foi marcado por ataques entre André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT)

Embora o cenário seja de cristalização de votos em André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) a menos de uma semana do pleito, há movimentos em curso na disputa pela Prefeitura de Fortaleza que podem resultar em alterações do quadro suficientes para se refletir no resultado final. Da parte do PL, a investida deve se concentrar nas atividades de rua com Capitão Wagner (União Brasil) e Roberto Cláudio (PDT), que irão assumir mais protagonismo. A intenção é consolidar avanço nas periferias, região na qual o nome do deputado federal tem reverberado mais, e afinar a participação no último debate. Já no campo de Evandro, deflagrou-se desde o fim de semana uma corrida aos bairros periféricos, com foco na agenda do petista nessas localidades. A aposta mais alta do postulante, contudo, reside no mutirão de prefeitos e lideranças de partidos aliados, a exemplo de PSD e PSB, que desembarcam na Capital não apenas para "avermelhar" a cidade, mas para trabalhar no convencimento dos indecisos. Dentro do QG do presidente da Assembleia, há expectativa quanto a essa faixa dos fortalezenses não plenamente convictos de sua escolha.

Preocupação com o debate

De ambos os lados, há apreensão com o último debate televisivo entre os candidatos. André deseja potencializar o encontro, extraindo cortes para turbinar as derradeiras 72 horas antes da votação, quando uma fatia do eleitorado ainda se inclina a mudar o voto. A seu favor, o jovem bolsonarista conta com histórico de bom desempenho desde o 1º turno, quando conseguiu se desvencilhar dos ataques mais contundentes, desferidos por Wagner e por José Sarto (PDT). Evandro, por seu turno, tem o desafio de se dedicar mais a esse confronto, de modo a evitar erros pedestres cometidos em encontros anteriores, tais como se referir ao adversário como "meu candidato". Para ele, é vital transmitir segurança e verdade no embate direto com André. Do contrário, vai por água abaixo todo esforço de contraste entre biografias.

Os candidatos do sistema

André Fernandes vem sendo bem-sucedido ao explorar retórica segundo a qual é candidato antissistema, seja pela fácil associação entre juventude e rebeldia, seja por colaboração da equipe de Evandro, que reage sempre lenta e tardiamente aos movimentos do oponente. Foi assim que o candidato do PL conseguiu emplacar a tese de que esta é uma eleição na qual um "rapaz com uma caixa de som" enfrenta figurões da política local e nacional. Ora, a campanha de André já arrecadou R$ 13,3 milhões e gastou R$ 10,7 milhões, parte dos quais com a PLTK Comunicação Estratégica (R$ 3,2 mi) e a Timoneiro Marketing, Comunicação e Branding (R$ 1,041 mi). A título de comparação, Evandro levantou R$ 18,7 milhões, totalizando despesas de R$ 13,2 mi principalmente com o Facebook (R$ 4,3 mi) e a Contacto Relações Públicas (R$ 2 mi). Não é exagero concluir, então, que os dois se encaixam bem no que que se chama genericamente de "sistema".

O futebol e a eleição

Está por se calcular ainda o estrago que o pleito em Fortaleza deve causar à imagem dos clubes de futebol e a seus torcedores, que se converteram em espécie de reserva de votos mobilizada convenientemente por lideranças, dirigentes ou ex, marqueteiros e outros atores interessados no uso eleitoral da paixão por um time, sem que haja muita transparência ou preocupação com a coletividade. Trata-se de retrocesso o grau de confusão entre picuinhas de uma modalidade esportiva e o futuro da 4ª maior cidade do país.

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