Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Desgaste de Fernandes com os acontecimentos mais recentes e desempenho fraco de Evandro em debates vão ser explorados no último embate antes da votação de domingo
Foto: Samuel Setubal
EVANDRO Leitão (PT) e André Fernandes (PL) disputarão o segundo turno em Fortaleza no domingo, 27 de outubro.
Os candidatos André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) se enfrentam hoje no último debate do 2º turno naquela que é talvez a disputa mais concorrida pela Prefeitura de Fortaleza. Noves fora a nebulosa de pesquisas já divulgadas e ainda por vir, entre as quais o Datafolha contratado pelo O POVO, já se converteu em truísmo dizer que o quadro é de indefinição.
De fato, não se pode ter a mais remota certeza de quem será o próximo gestor da capital cearense antes do resultado final. André largou em vantagem no 1º turno, mas, conforme a etapa subsequente se desenrolava, viu o adversário se aproximar, primeiro lenta e depois mais ameaçadoramente.
Hoje, o cenário é de paridade, com o nome do PL sob pressão de episódios cuja ressonância acabou por ganhar tração no noticiário nacional, mobilizando influenciadores e estrelas do campo artístico até então alheias ao pleito (Caetano Veloso, por exemplo) e uma fração importante da cobertura jornalística, de olhos voltados para cá.
É o caso do vídeo sobre feminicídio, mas também o da conduta do vereador Inspetor Alberto (PL), para quem Evandro já poderia "preparar o caixão", numa mancada só comparável à daquela deputada que se notabilizou por trapalhadas às vésperas da eleição. Nessa espécie de "carla-zambelização" da própria campanha, André municiou desnecessariamente o oponente, que saberá (?) explorar esses temas no embate de logo mais.
Uma guerra performativa
O jovem parlamentar, contudo, sai-se melhor no enfrentamento direto com Evandro, disso não há dúvida. Logo, salvo reviravolta, o bloco "camilista" não deve esperar nem vitória magra, nem placar elástico. Como no futebol, um empate contra oponente mais habilidoso já terá sido bastante.
Afinal, desde que a corrida foi deflagrada, o postulante do PT esteve em um sem-número de entrevistas e sabatinas (menos do que seus adversários e parte da imprensa gostariam de ter visto), mantendo-se num patamar abaixo das expectativas depositadas nele. Não há motivo para supor que seria diferente nesta sexta, 25. É nisso que André aposta, ou seja, numa comparação não de biografias, mas de capacidade de produzir "cortes" explorando falhas de Evandro.
Governo mergulha na disputa
A maquinaria do Abolição aderiu em peso à campanha, seja na potencialização de peças cuja máxima exposição compromete André, seja conferindo mais volume aos atos de rua de Evandro e às aglomerações nas esquinas, antes relativamente esvaziadas. Esse engajamento é sintomático do que se joga em 2024 para além da cadeira de chefe do Executivo.
É também resposta tardia ao emprego de outra máquina, a municipal, que tem se movimentado noutro sentido: reduzindo o contágio pró-Evandro entre servidores, recorrendo-se aos expedientes costumeiros em refregas do tipo.
Encontros e desencontros
Luizianne Lins e Evandro Leitão estiveram a poucos quarteirões um do outro nessa quinta-feira de temperatura amena, mas findaram por se desencontrar na Barra do Ceará, região onde a petista deu início à sua campanha pela Prefeitura no já distante ano de 2020. À época, Camilo Santana era governador e José Sarto, o candidato pedetista que se seguiu aos dois bons mandatos de Roberto Cláudio.
Instado a se manifestar naquele pleito, Camilo se conservou neutro no 1º turno, rompendo silêncio apenas quando Capitão Wagner negou que tivesse qualquer vínculo com o motim de PMs. O candidato a vice de Sarto era Élcio Batista, indicado por Camilo e Eudoro Santana para aquela que seria a última eleição antes do grande cisma de 2022 entre PT e PDT.
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