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Elmano deve mexer no secretariado
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Elmano deve mexer no secretariado

O gestor petista avalia dividir atribuições da SDE, reorientando parte das atenções para o Interior. A ideia é acolher demandas de municípios para além de Fortaleza, com um olho na eficiência e outro na disputa de 2026
WALDEMIR Catanho e Elmano de Freitas, reforma do secretariado à vista (Foto: Matheus Souza/especial para O POVO)
Foto: Matheus Souza/especial para O POVO WALDEMIR Catanho e Elmano de Freitas, reforma do secretariado à vista

Passada a eleição, o governador Elmano de Freitas (PT) deve fazer mais ajustes no secretariado, agora com possível desmembramento de pastas. Uma das alterações pode se refletir no Desenvolvimento Econômico, área comandada por Salmito Filho. O gestor petista avalia dividir atribuições da SDE, reorientando parte das atenções para o interior cearense. A ideia é acolher demandas de municípios para além de Fortaleza, com um olho na eficiência e outro na disputa de 2026, cujos dados já começaram a ser jogados. Durante o processo do qual Evandro Leitão (PT) saiu vencedor contra André Fernandes (PL), a administração estadual, que chegou ao poder em 2022 também sob a cartilha do alinhamento, foi ponto de fragilidade explorado por adversários. Antes mesmo da corrida pelo Paço, Elmano já havia movido peças no seu time, com foco na Secretaria da Segurança (SSPDS). O governador, todavia, ainda se queixa de relativa demora na resolutividade. Daí a possibilidade de mais uma dança das cadeiras pouco tempo depois daquela primeira chacoalhada. Lá como agora, o princípio é o mesmo: conferir uma cara mais "elmanista" ao secretariado, acelerando as entregas. No entorno do governismo, o desfecho do pleito na Capital foi lido como sinal de alerta para o risco de "sartização".

Catanho de volta ao governo?

Candidato derrotado na briga pela Prefeitura de Caucaia, Waldemir Catanho (PT) espera retornar à função que desempenhava na gestão de Elmano antes de deixar o posto para pleitear o Executivo, a saber, a Articulação Política. À coluna, quando questionado se deve reaver o assento no Governo, Catanho respondeu: "Imagino que sim". Segundo ele, porém, ainda não houve conversa com o governador sobre o assunto. Nome ligado a Luizianne Lins (PT), o petista enfrentou Naumi Amorim (PSD) na cidade da RMF, mas acabou sofrendo revés. Na reta final, as atividades de campanha de Catanho acabaram por se limitar a aliados muito próximos e à deputada federal, já que o PT, a esta altura, travava batalha campal contra André Fernandes.

Os sinais de Roberto Cláudio

Para quem se perguntava sobre os planos de Roberto Cláudio (PDT) após a vitória de Evandro, o próprio pedetista tratou de dar pistas. Em sua primeira manifestação, parabenizou Fernandes pelo desempenho. De passagem, desejou sorte ao novo prefeito. Com o candidato do PL sem condições de concorrer ao Governo em 2026 e Capitão Wagner (União Brasil) mais preocupado em assegurar vaga no Legislativo, restaria a RC o papel de opositor ao "camilismo"? É uma alternativa. Hoje, a maior dificuldade para o bloco que se aglutinou em torno do deputado federal é garantir coesão com propósitos não apenas circunstanciais, como foi em 2024. Talvez Roberto esteja mirando nesse vácuo, ou seja, a falta de quadro qualificado para representar a aliança que se forjou no 2º turno. Há complicadores, no entanto. O principal deles é: daqui a dois anos, o PL deve apresentar palanque local para Bolsonaro (ou de alguém ungido por ele). RC teria condições de ser esse nome? Tenho dúvidas sobre isso - o que não significa que o ex-prefeito esteja fora do jogo. Pelo contrário: o PSDB está de portas abertas na hipótese cada vez mais concreta de o PDT apoiar a reeleição de Elmano.

Assembleia virou "trampolim"

Evandro Leitão é o 3º prefeito na sequência egresso da cadeira de presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, cuja função é prioritariamente a de fiscalizar os atos do Executivo estadual. Há, então, um descompasso quando um dos poderes se converte em espécie de incubadora oficial de candidatos à Prefeitura sancionados pelo governante da vez. Foi assim com RC e com José Sarto, ambos pedetistas, e, agora, com o próprio Evandro, nenhum dos quais, salvo engano, afastou-se do papel de presidente da Alece (antes AL-CE) para postular a cadeira de mandatário no Paço.

 

Foto do Henrique Araújo

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