Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
À coluna, o deputado estadual Francisco de Assis Diniz (PT) sustentou que todo o trâmite em torno da definição sobre a candidatura do deputado do PT foi debatido antes pelos membros do arco governista, entre os quais Camilo e Cid
Há algo ainda por ser explicado na decisão de Cid Gomes (PSB) de romper com o governador Elmano de Freitas (PT), mas preservar a relação com o ministro Camilo Santana (PT), um aliado de longa data cuja influência hoje faz dele manda-chuva sempre consultado antes de qualquer passo importante do seu grupo político.
Afinal, é difícil supor que o chefe do Abolição tenha sacado o nome de Fernando Santana (PT) da cartola sem que isso tenha sido submetido a Camilo, direta ou indiretamente, lá no começo ou no final, tanto pelo perfil de Elmano quanto pelo fato de que ele deve sua eleição ao apoio do seu antecessor.
Ou é realmente possível que o governador tenha bancado Fernando unilateralmente, como faz crer Eudoro Santana (PSB) ao sair em defesa de Cid e jogar o peso da crise quase que integralmente no colo de Elmano?
À coluna, o deputado estadual Francisco de Assis Diniz (PT) sustentou que todo o trâmite em torno da definição sobre a candidatura do deputado do PT foi debatido antes pelos membros do arco governista, entre os quais Camilo e Cid.
Segundo ele, desse diálogo ficou acertado que o chefe do Abolição, em caso de mais de um deputado interessado na cadeira de presidente da Assembleia, exerceria prerrogativa discricionária de, como gestor estadual, manifestar simpatia por um dos postulantes, que seria então analisado pela base, como parece ter sido o caso.
A se tomar a tese como verdade, goste-se ou não do resultado, o andamento seguiu protocolo do qual se serviram tanto Cid Gomes quanto Camilo quando à frente do Estado. Até aí, nada de novo sob o sol.
Considerando-se a coisa sob esse ângulo, a ruptura do senador com o governador acaba se tornando um exercício de contorcionismo político ao desfazer laços com a administração (cujo sócio-majoritário é Camilo), mas sem envolver o ministro, de quem seria mais custoso se afastar.
De todo modo, convém observar a rapidez da reação do entorno de Camilo e do próprio, que foram a público elogiar Cid e assegurar suporte para a sua pretensão de se reeleger como senador daqui a dois anos.
Camilo foi enfático como não havia sido até agora. Disse o petista: “Cid é meu candidato ao Senado em 2026”. Apenas na base, há outros três ou quatro aspirantes a senador, mas o ministro tem compromisso assumido apenas com Cid.
A importância da declaração se justifica pela gravidade do gesto cidista, que ameaça não somente a estabilidade do governo de Elmano, mas a coesão do bloco camilista.
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