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Como a eleição na Alece afeta a base de Elmano
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Como a eleição na Alece afeta a base de Elmano

Elmano seguirá com maioria folgada na Alece e trilha aberta para 2026, mas agora terá de lidar com focos oposicionistas cuja atuação pode eventualmente convergir
Tipo Análise
Fachada Plenário 13 de Maio da Assembleia Legislativa do Ceará (Foto: ALECE)
Foto: ALECE Fachada Plenário 13 de Maio da Assembleia Legislativa do Ceará

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Convocada para o dia 2/12, a eleição para a mesa-diretora da Assembleia Legislativa, seja que desenho tenha, deve impor alguma reconfiguração na base do governador Elmano de Freitas (PT), com ênfase na participação do PT no comando da Casa, a despeito da saída de cena de Fernando Santana. Com pelo menos dois nomes sondados (Larissa Gaspar e Moisés Braz), a composição tenta se equilibrar entre as forças que integram o arco do Abolição. A sucessão de Evandro Leitão (PT) refaz, então, o jogo de forças. Uma das alterações se dá na liderança do próprio Executivo, por exemplo, que passaria para as mãos de um petista.

A presidência, no entanto, vai se conservar sob domínio de legenda aliada - antes o PDT, quando petismo e pedetismo ainda eram parceiros; e agora o PSB, com Romeu Aldigueri desempenhando função mediadora entre um Cid Gomes ressabiado e um governismo disposto a recuar, mas não tanto. Resumo da ópera: Elmano seguirá com maioria folgada na Alece e trilha aberta para 2026, mas agora terá de lidar com focos oposicionistas cuja atuação pode eventualmente convergir, com interesses de um ou outro deputado não satisfeito com a indicação de Romeu se combinando com a postura anti-Abolição de outros personagens.

O lugar de Fernando Santana

Antes escalado para capitanear a mesa-diretora da Alece, Fernando Santana tenta evitar triplo revés: ao de Juazeiro do Norte e ao da retirada de sua candidatura, pode se somar um outro, na hipótese de o deputado acabar não sendo acomodado numa posição compatível com o papel de destaque que Elmano pretendia lhe conferir. Afinal, a cadeira mais importante do Legislativo embute em si desafios, entre os quais o de se incluir na linha sucessória da governança. Por obra da pressão do senador Cid Gomes, contudo, Fernando foi limado dessa hierarquia. Próximo do chefe do Executivo estadual, mas também ligado ao ministro Camilo Santana (noves fora as tentativas do "camilismo" de se desvincular de Fernando), o deputado há de esperar compensação pela série de derrotas. Um posto de menor expressão no Governo estaria à altura de suas expectativas? A ver.

RC no União Brasil?

Um observador do mercado político local fez saber que o destino de Roberto Cláudio pode estar no União Brasil. Como se trata de rumor, e entre hoje e a eleição para governador haja ainda muito tempo, leio essa predição mais como uma projeção de desejos. Feita a ressalva, RC tem sido de fato cortejado por siglas diversas, uma das quais o UB. A preço de agora, sua disposição para continuar como opositor permanece inalterada. Com o PDT cada vez mais enfronhado no governismo, não restariam tantas opções para o ex-prefeito de Fortaleza, salvo mudar de endereço. Mas para onde iria? Para o PSDB, num retorno de Ciro Gomes ao berço político de Tasso? Ou para o União? Não se sabe, por enquanto.

Referência de Bolsonaro não é 64

Há equívoco comum quando se supõe que o referencial de golpismo de Jair Bolsonaro é 1964, com seus tanques nas ruas. Não é. O ex-presidente tem mobilizado esse imaginário com astúcia, por sinal, de modo a convencer a opinião pública de que o que se tramava em 2022 não era golpe. Afinal, não se deflagra algo assim com "um general da reserva e meia dúzia de oficiais", não é? Todavia, o golpismo de Bolsonaro é de outra lavra: a dos regimes iliberais, tão bem caracterizados pela série de livros de Levitsky e Ziblatt. Neles não se recorre aos blindados (em princípio), mas a outros expedientes cujo objetivo é corroer a democracia por dentro. Ora, foi precisamente o que o então presidente tentou ao rejeitar as regras do jogo democrático, negar a legitimidade dos oponentes, encorajar atos de violência e flertar com restrição das liberdades civis. Que nome se dá para isso?

 

Foto do Henrique Araújo

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