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Qual é a cara da gestão de Evandro
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Qual é a cara da gestão de Evandro

Prefeito eleito concluiu a formação do núcleo duro da sua gestão. O princípio geral da modelagem do primeiro escalão fortalezense se orienta por tripla preocupação: alinhamento pessoal com o novo gestor, alinhamento político com o bloco e preenchimento de cotas de aliados do projeto
Tipo Análise
EVANDRO Leitão concluiu a formação do núcleo duro da sua gestão (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE EVANDRO Leitão concluiu a formação do núcleo duro da sua gestão

Salvo uma ou outra lacuna, o prefeito eleito Evandro Leitão (PT) concluiu a formação do núcleo duro da sua gestão, com nomes já escalados para as secretarias de Educação, Saúde, Segurança e de Governo - numa cidade como Fortaleza, acrescente-se ainda a do Turismo, responsável por setor muito importante para a economia do Executivo municipal. Trata-se, então, do desenho já configurado da espinha-dorsal do time do petista que assume a partir de janeiro de 2025. Pela ordem, Idilvan Alencar (PDT), Socorro Martins, coronel Márcio Oliveira, Júnior Castro e Denise Carrá. Dos cinco nomes, deriva algum traço comum? Há o bloco mais político, formado por Idilvan e Castro, com a ressalva de que a indicação do deputado federal pedetista pode ser lida numa dupla chave: como perfil técnico, mas que contempla também o âmbito da aliança, sobretudo o grupo do senador Cid Gomes (PSB) e da ex-governadora Izolda Cela (PSB) - que recusou convite para estar à frente da SME. E há um bloco de quadros mais chegados a Evandro, digamos assim, a exemplo de Hélio Leitão (PGM) e Sílvia Correia (Controladoria), gente de confiança cujo trabalho constitui parte da rede de relações do novo inquilino do Palácio do Bispo desde tempos idos.

Governo cola na Prefeitura

Como egressa do Abolição, Carrá confirma tendência de espelhamento das administrações de Elmano de Freitas (PT) e de Evandro, reconectando Governo do Estado e Prefeitura pela primeira vez desde o racha de 2022, quando as duas máquinas passaram a entrar frequentemente em choque como resultado da disputa por espaços de poder no xadrez das últimas eleições. A ida da secretária, que compunha a pasta do Turismo (Setur) estadual como executiva, é parte do intercâmbio entre os petistas. Logo, a receita de partida do prefeito é uma combinação de expertise profissional temperada por um senso político (a ex-tucana Socorro Martins na Saúde e Idilvan na Educação) com auxiliares de extrema confiança do chefe do Paço (veja-se Eudes Bringel na chefia de Gabinete). O princípio geral da modelagem do primeiro escalão fortalezense se orienta por essa tripla preocupação: alinhamento pessoal com o novo gestor, alinhamento político com o bloco e preenchimento de cotas de aliados do projeto.

Tucanos se bicam

Ex-dirigente do PSDB, Luiz Pontes divulgou ontem nota na qual critica o processo que levou à saída de Socorro Martins do partido, consumada no mesmo dia em que seu nome foi anunciado para integrar a equipe de Evandro. O ex-senador lamentou que, "para aceitar o convite (capitanear a Saúde em Fortaleza), tenha sido imposta sua desfiliação do PSDB". Conforme Pontes, "tal decisão foi uma medida unilateral do presidente do diretório estadual, Élcio Batista, sem que outras pessoas e instâncias do partido tenham sido ouvidas". Em seguida, o tucano declarou que "o convite foi uma decisão pessoal do prefeito eleito e a aceitação atendeu avaliação exclusivamente dela". Na legenda, houve quem lembrasse de Cabeto, que comandou a Saúde no governo de Camilo.

Wagner e RC à mesa

Capitão Wagner (União Brasil) e Roberto Cláudio (ainda no PDT) têm mantido mais conversas do que sugerem fotografias de almoços. O horizonte, evidentemente, é 2026. Antes adversários, Wagner e RC se viram no mesmo barco, ou seja, suas ambições políticas convergiram a partir de 2024, quando o resultado do pleito os obrigou a operarem numa mesma perspectiva, a saber: uma composição comum para a próxima corrida eleitoral que leve em consideração fragilidades da gestão de Elmano e a impossibilidade de candidatura de André Fernandes, cuja sigla, o PL, tenderia a indicar um vice para a chapa, evitando fragmentação no campo da direita - erro cometido neste ano. Por enquanto, tudo é apenas tratativa, mas com potencial para se converter em cenário.

 

Foto do Henrique Araújo

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